12.11.2005

Tiros no escuro

Sempre fui adepto condicional do "tiro no escuro". Mediante uma certa atmosfera, um certo sentimento de confiança, algum dinheiro no bolso e lá ia um tiro no escuro. Isto normalmente traduzia-se na compra de um CD de uma banda desconhecida. O "meio tiro no escuro" acontecia quando já se tinha lido nas revistas da especialidade boas críticas, mas nunca se havia escutado nada do seu som. Na carbono foram vários os tiros. Lembro-me de um "tiro no escuro induzido" em que ouvi alguém falar bem dos Spudmonsters. Comprei o CD e aí está o exemplo de "tiro no escuro em seco". Ainda hoje aguardo por um almagrado que me queira comprar aquilo. Lembro-me também do belo tiro no escuro (em cheio) que foram o "Goo" e especialmente o "Daydream Nation" dos Sonic Youth. Na Virgin, vindo da terra quase propositadamente para arranjar som. Sonic Youth soava bem, e agora que me lembro já tinha ouvido o "Dirty"algures... Não interessa. O que interessa é que no outro dia reeditei um tiro no escuro para o cinema, e dicidi alugar para ver com a minha senhorita, o alone in the dark. Foi o pior tiro no escuro que já dei e ainda estou a arranjar designação certeira para ele. "Tiro no escuro em seco" não chega. Só agora é que sei que até havia um jogo em que o filme é baseado, informação que em si me teria mantido à distância devido ao descalabro do Street Fighter ( o gajo que fez aquilo devia dançar no cadafalso). O filme é ruim e mau. O pior que já quase vi, porque não o consegui ver todo. Eu, que até sou um bocado compulsivo nisso. Quando li as verdes colinas de África obriguei-me a ler até ao fim, enfastiado de Whisky com soda. Mas li. É criminoso fazer esta comparação, mas o cérebro é assim e o Super-ego nem sempre está tão atento quanto devia. Nem sei se o Super ego está alerta para barbaridades culturais. Nem sei sequer se o Id tem algum interesse em que isso não aconteça. É interessante a forma como o meu Ego está a lidar com isto e já estou aqui num processo inacreditável de racionalização.
O alone in the dark é o pior que já vi.

Tortura & CIA (não resisti a este velho e fácil trocadilho)

Não vou definir tortura (que modesto. Como se eu o conseguisse), nem entrar em ambiguidades civilizacionais ou de conceitos. Acho até que a tortura não deveria existir sequer como conceito, cabendo-lhe um lugar entre o onírico e o etéreo apenas para lembrar o homem da bela merda que representava este conceito quando existia até (imagine-se que bárbaros eram) literal e fisicamente, sendo aplicada por certos homens em outros. Uma civilização imperfeita, evoluída e ciente da liberdade do indivíduo não pode tolerar um meio como a tortura para obter informações. A tortura é um método demasiado fácil e perfeito. Se não se consegue a informação, ao menos humilha-se e faz-se sofrer o putativo inimigo. Além disso a CIA tortura desgraçados Islâmicos que já têm que viver sem pasta de dentes que deixam o hálito refrescado, água canalizada e quentinha, sabonete (líquido) e outras coisas mais. "Não, alguns até moram mesmo na Europa e nos EUA há algum tempo!" Ainda pior, pois vivem sob a tortura e o dilema de quererem destruir aquilo que eles próprios desejariam para os seus países. Há muitas formas de obter informações, e só posso deplorar a CIA e os EUA por optarem pelo caminho fácil. Eu bem sei que esta afirmação pode causar um impacto inesperado em vários organismos da administração americana e da NATO, para não falar do Chirac que deve já andar à procura do meu número para me congratular, mas adiante que esse também deve andar com vontade de ressuscitar o Robespierre.
No dia em que os todos os habitantes dos países terroristas se puderem preocupar com a marca do sabonete que vão comprar, em vez da quantidade de comida que pode não chegar para toda a família, a paz chegará. É preciso afastar os que obnubilam os cidadãos e os forçam a ideologias que no íntimo os contrariam. E esses bárbaros que forçam a população a viver na miséria é que usam a tortura.

Pérolas literárias não editadas V

..." a minha filha entrou em casa a chorar porque tinha tido um dezoito e eu disse-lhe: Oh filha, tu choras por notas com que eu nunca me ri!"

Autoria: Laborinho Lúcio (tem direito a nome porque é célebre e não é meu amigo. Também é Ministro da República dos Açores)

Pérolas literárias não editadas IV

- Tiago! (em tom de cumprimento)
- Uma guitarra! (idem)

Autoria: Desconhecido e TD

Insularidade

É a culpada de isto andar ainda mais parado. Hoje vou tentar aproveitar os 40 minutos a que tenho direito, ao máximo.

11.23.2005

No dia

em que as baratas vierem, não encontrarão um guerreiro resignado.

11.13.2005

Para quando...

Esta é uma expressão que cada vez mais tenho ouvido utilizar: "Para quando uma estrada em Cascos de Rolha?"; "Para quando instalações sanitárias no complexo gimnodesportivo?";"Para quando o meu bife com batatas fritas?". Começo a ficar preocupado porque a minha tolerância está a acabar. E isso não é nada bom uma vez que quando menos esperar(se bem que até já estou à espera. Aqui está outra expressão parola que eu próprio insisto em usar:"se bem que".) lá vai o meu lobo pré-frontal falhar e eu, começar a disparar desnecessariamente agressividades para cima da pessoa que por azar fizer transbordar o copo. Nunca levei no trombil por causa de certa falta de tacto, e raras vezes sabem responder-me à letra, o que não me deixa nada contente(que me respondam à letra claro!), embora em homeostasia com o Universo. Prometo, no entanto (aqui estou eu a abusar do que eu próprio abomino. A seguir ainda vou utilizar a expressão "cá estamos" . Epá até tentar brincar com esta expressão:"cá estamos" é mau e foleiro. Aliás ("aliás"! Mal.) este post está todo muito dinâmico, e acho que vou parar com isto.

11.02.2005

O Inferno sou eu?

Começo a não suportar quem confunde Frontalidade com Estupidez Impune. Não faz sentido que pessoas crescidas tratem outras pessoas crescidas como se de garotada se tratasse. A garotice só é boa para as brincadeiras, não para os relacionamentos ainda por cima com pessoas que não se conhecem bem e com as quais não se tem intimidade. Nem sempre é fácil lidar com estas pessoas. Por um lado porque já se passou a fase da imaturidade adolescente e o bate boca não é propriamente uma desporto agradável. Isso é engraçado e até tem um propósito entre os 12-17 anos. A partir daqui a maturidade vai-nos informando de que não somos tão importantes com isso, e que não vale a pena levar-mo-nos tão a sério.
Há quem insista em dizer tudo o que lhe vem à cabeça no momento que lhe aprouver e sentir-se muito bem com isso. Os civilizados é que se lixam porque não podem, não querem e não têm pachorra para responder à letra.
Não me misunderstendam, eu gosto de um bom conflito. Mas é de assuntos sobre os quais possa barbarizar sem que me digam a certa altura:"tu és feio!" Isto estraga tudo. É como aquele grau de discussão (não me apetece pôr link, procurem nos arquivos. Ou será no mescla?) em que o interlocutor lixado me começava a falar do benfica, bem a despropósito, só para tentar debater-se nas águas lamacentas em que se tinha metido.

Não sei que pense. Mas acho que estou a ter outra lição que é a de que durante toda a vida temos que aturar o que não deveria ser suposto aturar.

10.25.2005

Migração

Informo pessoas da minha ida para Angra do Heroísmo trabalhar e eis que a inveja aflora que nem varas verdes. Que não, que aquilo é muito parado, e que não se faz nada, e que não, nada bom, not good, só se for um ano e mesmo assim... ( não inserir claro, o colega de trabalho algo assustado com a perspectiva de ter de fazer o trabalho outra vez sozinho (quem não ficaria?), mas que ainda assim diz: "aaah foda-se, eu se fosse a ti fazia o mesmo!").

E os amigos que me dizem que não vá, que depois não me posso embebedar com eles. Isto sim , uma razão válida para não ir, embora a decisão esteja tomada.

Já que mencionei...

America. America.America Fuck Yeah!
Comin´again to save the motherfuckin´day, yeah!
America, fuck yeah!

Freedom is the only way, yeah.
Terrorist your game is through
´cause now you have to answer to America, fuck yeah!
America, fuck yeah!

What you gonna do when we come fo you now?
It´s the dream that we all share, it´s the hope for tomorrow.
Fuck, yeah!



Eh!Eh!Eh!

10.20.2005

Music

Que bandas é que andam aí? Eu desisti de me actualizar assim que comecei a aperceber-me da chegada dos Staind, Nickelback e mediocridades que tais.Claro que tenho os QOTSA e o seu genial último álbum em que Josh Homme domina a processo criativo e demosntra de que é feito o Rock puro. Bem sei que isto soa a batido do tipo .." a provar que o rock não morreu", mas não interessa muito porque quem percebe a sério o que quero dizer, ao ler o que acabei de escrever não bufa mas acena positivamente com a cabeça nem que seja mentalmente. Tenho os Mastodon e o seu metal que me soa a clássico mas com pedaços completamente autónomos do ponto de vista criativo do resto da cena. A bateria é brutal. Mas e depois? Além de Black label Society (já é um velhote mas pronto) o que é que anda por aí que valha a pena? Todos falam aí do novo pop e do chill out e do drum n´bass. Quando tiver 35 anos já me viro um pedacinho para aí tá bem? Agora quero barulho e Poder. Há uns anos os reis eram os Nirvana e os Metallica (do master of puppets e and justice for all claro) agora são os palhaços dos Linkin´park com as arrastadeiras na pele, com as suas músicas electro-metal-shit. Ide mas é ouvir Pitchshifter e aí sim vale a pena ouvir guitarras com electrónico. White Stripes? Não gasto dinheiro com isso. É bom ouvir na rádio e chega. The strokes? Neste momento nem seria capaz de assobiar uma música deles. Já está tudo visto? Don´t think so. A altura em que todas as músicas estão inventadas ainda vem longe. Vou mas é ouvir a Kashmir. Com estes sei com o que conto. O abrigo da certeza ainda é gerador do mais suave conforto.

P.S. Para breve um post sobre a inexplicável animosidade dos punks em geral, no que diz respeito aos Led Zeppelin, os primeiros gajos a fazer rock em condições e a cagar bem para o resto.

10.19.2005

Pérolas literárias não editadas II

"Epá, não posso com aquele gajo! Mas também...Eu não posso com ninguém..."

Autoria: MN

No dia

em que as mesas deixarem de ter pernas, passarão a ser tapetes inúteis.

10.13.2005

E a chuva? Já não lavra?!

E estou aqui perante este cenário dantesco, em que a chuva lavra tudo por onde cai! É indescritível caros telespectadores, até a mais pequena erva sofreu a lavra desta chuva arrebatadora. É que o fogo pelo menos, como devem saber, não lavra em estradas, campos lavrados, ou betão armado. Pois esta chuva miudinha aparentemente inofensiva vai lavrando por onde passa. E reparem, três crianças copletamente lavradas pela água assassina! Vou tentar chegar até elas...Não.Impossível.
... Por esta altura já se formam pequenas correntes de água nas estradas, que lavram tudo à sua passagem. O comandante dos bombeiros avisou já que vai rebentar com a barragem para assim combater água com água. Mais uma vez a coragem, mestria e experiência dos bombeiros ao serviço da comunidade.
- Sr. comandante, como é que vão levar a cabo a destruição da barragem? É a opção mais correcta contra a lavra da chuva?
- Bom, parece-nos que a água lavra sem oposição. Tentámos tudo, inclusivamente pusémos uns quantos quilómetros quadrados de panos super-absorventes nos locais mais vulneráveis, mas ainda assim a chuva continua a lavrar por cima das casas das pessoas. Por isso decidimos avançar para o "last resort", que é a destruição da barragem.
-Ah, vejo que fala castelhano!
- Sim, influências dos colegas do Chile.
- Como pensa que a destruição da barragem vai acabar com este flagelo, que é o da chuva a lavrar?
- Bem, começamos por fechar as comportas completamente. Pedimos já a Espanha um reforço do caudal do rio durante duas. Desta forma a barragem fica um pouco mais cheia. De seguida fazemos uns furos no betão...
-Uns furos, então não podiam explodir com aquilo?!
-Lá está. Não temos fundos. Queria apelar ao governo para nos mandar umas reservas de plástico explosivo, até porque já ninguém usa dinamite, e respectivos detonadores, para não termos de fazer figura de país de terceiro mundo que para rebentar com uma barragem precisa de um berberquim!
- A falta de meios continua portanto, a ser um problema?
-Pois está claro!
-Mas adiante. E depois dos furos feitos?
- Depois é só esperar que a força da água faça o que tem a fazer.
- E se entretanto a chuva tiver deixado de lavrar?
- Er... Nesse caso o rebentamento da barragem será uma acção preventiva de novas lavras de chuva.
-As pessoas estão avisadas?
- Sim estão à sua espera para lhe gritarem muito aos ouvidos as coisas do costume. Ai a minha casinha, o meu dinheirinho,o meu cãozinho e outros diminutivos.
-Acerca do rebentamento da barragem.
-isso não porque isto é uma coisa que só aos bombeiros diz respeito. A população não compreenderia...

10.10.2005

Descobrimentos / Descobertas / Ciência / Geografia

Porque será que nem sempre se dá o melhor uso ao que é descoberto? O cérebro humano estará religiosamente ligado à auto-destruição? A bomba atómica, a bomba de hidrogénio, M-16, AK-47. Tudo coisas do arco da velha que a inteligência humana desenvolveu à custa de muito trabalho, dedicação e investimento. Coisas bonitas em teoria, pela capacidade de trabalho, de imaginação e de superação que os homens demonstram. Claro que os seus resultados são feios. A morte pela violência é uma má morte. Agora a possibilidade de um cogumelo destruidor fruto da imaginação, inteligência e trabalho de um conjunto de indivíduos, é arrebatadora. Teriam os samurais razão quando se recusaram a usar a pólvora, para os fins bélicos de que eles viviam? Ou foram apenas parvos na sua arrogância?

Demo cracia

Engraçado como Demo pode ter dois significados. O radical (povo) e o mais recente (demónio). Coisas do demo. Do povo? Do diabo?

Não gostei da vitória da Felgueiras, e o regozijo animalesco do Valentim deu-me volta ao estômago. Que raio de homem é que faz aquilo à frente de toda a gente?
Aliás, a Fatinha também demonstrou bem a sua personalidade pela forma como falou depois de certa a sua vitória.

O óbvio continua aí: cada povo tem os governantes que merece. Sem estúpidos pessimismos ou bolorentos optimismos, teremos que conceder que uns são bons, outros maus, uns assim assim e outros mereciam uma bala num joelho.

10.04.2005

Príncipezinho vs Indigentezito

Lembro-me quando uma professora me impingiu o livro do Princípezinho. É tão bonito, muito bem escrito e fala de forma filosófica e sábia da vida. É claro que com esta descrição fui logo com um pé atrás para a leitura. Ainda por cima havia duas ou três raparigas na turma que tinham o livro. Essas raparigas também não inspiravam grande confiança literária. Eu, fraquito(pensava eu) gostava era dos irmão Hardy, dos Cinco,Sete e do Sherlock Holmes.(Tintim, Astérix, Ric Hochet). Pensei que até seria bom ler aquilo para contactar com outro tipo de escrita e de pensamento. Epá não gostei nadinha, e a partir daí nunca mais me impingiram literatura "bonita" e com sentido". Se calhar por causa disso é que quando comecei a ler "o processo"(não tinha ideia de que tipo de escritor era o Franz)e não percebi patavina do que estava a acontecer, é que gostei tanto e aquilo tudo fez tanto sentido para mim. Claro que ainda me tentaram estragar o gozo quando um "entendido" me disse que a escrita do Kafka era densa. Sorri e pus-me a andar sem ligar.

9.30.2005

Futebol português volta aos bons velhos tempos

E ainda diziam que o Benfica é que era medíocre! Porra, até pode ser, mas o FCP e SCP (mais o SCP) conseguiram mais uma vez demonstrar que há vida lá para baixo da mediocridade.

Não percebo é os jornalistas que insistem em falar na "semana negra para o futebol"! Eu que sou um puto só do SCP lembro-me de umas 30 "noites negras". Casino Salzburgo, Viking, Rapid Vienna, and so on...Do Glorioso também me lembro do Bastia, mas carais, lembro-me de duas finais da Taça dos campeões Europeus!

9.23.2005

Câmaras, Juntas, assembleias...

Por aqui discute-se e reflecte-se sobre as eleições autárquicas do concelho do Sabugal. Como sempre(e sem desprimor para o autor, e sim para os autarcas)as reflexões, discussões, opiniões andam à volta do de sempre. No interior, já no tempo do conde D. Henrique haveria o problema da interioridade, e imagino que o jovem Afonso Henriques entrou em desacordo com a mãe por ela não querer fazer umas piscinas lá para os lados de S.Mamede. É verdade. Mas isto não se trata de provincianismo (pelo menos estritamente local) porque um candidato a Lisboa(não me lembro se o Carmona se o Carrilho) anda a prometer piscinas a torto e a direito e já o saudoso Santana fez uma campanha em que dizia que faria uma piscina em cada bairro de Lisboa. Isto meus senhores é o que o povo quer, incluindo no Sabugal. Um ringue, e umas piscinas, até porque há terreolas à volta que também têm! Não discuto o interesse de infraestruturas recreativas. Elas são importantes. Até há uma empresa formada por gente do Sabugal vocacionada para os divertimentos mais extremos (não estou a falar de sexo). E essa é uma boa ideia. Pois a mim ainda ninguém nunca me desafiou para um paintball. Eu também nunca desafiei ninguém... Mas se eu bebesse copos com essa rapaziada, podem crer que já tinha espetado bolas de tinta na fuça de muita gente! E é para estes investimentos que tem que haver apoio popular (não é para andar com apitos na rua a berrar: "não qualquer coisa"!). O apoio passa por utilizar os serviços da empresa. Claro que esta em particular poderia usar o marketing de diversas formas para entusiasmar as pessoas de todo o país e quiçá do concelho. Uma empresa não anda sozinha por muito boa que seja a ideia que a suporta.

Os candidatos dos partidos são um problema paquidermal? O que é certo é que há um que vai ganhar e não vale a pena chorar sobre o leite que está em vias de ser derramado. Não está ao nosso alcance impedi-lo. Por isso o mais correcto, em vez de ladrar contra o sistema político, será usá-lo. Enfadar o presidente com as ideias exequíveis que se tenham, até ele pensar no assunto. Não pensar à partida que a trambalazanice do Presidente da Câmara se vai opôr com unhas e dentes à ideia. É difícil, mas também quem não dá para essas andanças, vai-se embora à procura de melhor.Para a América por exemplo. Se a terra desaparecer outras se formarão.

Além disto tudo quem precisa da Câmara Municipal? O que não falta são Bancos desejosos de ganhar dinheiro...

9.22.2005

Fátima Forever!

Fátima voltou e vai quedar-se livre! Este é realmente um país de brincadeira. Não vale a pena dizerem que as pessoas só falam mal do país sem fazerem nada para o mudar. Isto é uma situação que não cabe num país civilizado. Que fosse no Burundi, ou na Venezuela, um gajo levava a brincar. Agora aqui?!
E as velhotas com a fotografia da mulher? Tristes.É que não tenham dúvidas que todas elas ali estavam especadas a pensar: " se apareço no jornal, a xôdotôra Fátema aposto que arranja logo um lugarzinho à minha mais nova, coitadinha que não arranja emprego, tão inteligente que ela é...". E ainda há quem fale nas benfazejas revoltas populares! Perguntem ao Francisco que provou na pele a proverbial sabedoria popular. Este país precisa de Educação. Precisa de pessoas que tenham orgulho nelas próprias, sem terem necessidade de se imiscuir no meio de outras e assim formar massas informes que berram, apedrejam e glorificam. Eu ouvi uma Ti Mulher dizer que a Fátinha era como Deus na Terra! Nestas alturas tenho pena de Deus não existir como no velho testamento, para poder descer à terra e queimar com um raio a filhinha para a qual a Ti Mulher quer o tacho,ensinando assim à TM que não se dizem barbaridades daquelas. Porque ir à missa para depois transgredir desta forma atroz a segunda lei das Tábuas, não é admissível, por muita ignorância que haja. Há que reparar que nem sempre ignorância é sinónimo de de falta de bom senso/estupidez, mas quando tudo se junta é o fim da macacada!

Podemos sempre dar o benefício da dúvida e esperar que a Xôdotora Fátema não ganhe as eleições (já não peço um derrota vergonhosa), mas os ventos não auguram bons tempos, e os bandidos vão continuar a enegrecer as nossas ruas com os seus sorrisos amarelentos a dar para o verde bolor.

Venham-me cá com conversas contra a ideia de Elites que eu digo-vos... No me cojeis otra vez.

9.16.2005

No dia

em que os políticos tiverem superado os seus traumas, e resolvido as suas frustrações, viveremos num mundo melhor.

9.07.2005

Ah! A gloriosa humanidade...

As catástrofes são, pieguices à parte, uma oportunidade de redenção para os seres humanos que assistem mas não sofrem fisicamente. Ao contrário do que me parece ser a regra, em que a compaixão, comiseração, coitadificação ocupam todo o espaço dedicado aos sentimentos, a empatia será talvez a melhor forma de lidar com o assunto. Assim,nas conversas em que tenho participado discute-se o que fazer numa situação destas (furacão). Não se desprezam as vítimas, pômo-nos no papel delas, e não temos a obrigação moral de chorar devido ao sofrimento alheio, porque estamos a pensar em formas de agir numa situação similar, ainda que impossível de vir a acontecer. É uma forma de solidariedade olhar para as imagens que passam na T.V. e dizer que parados e a gritar os desalojados não resolvem nada. Claro que dizer uma coisa destas contém o risco de ouvirmos o: "se fosses tu o que é que fazias, ãh?!" E é aqui que a empatia toma o seu lugar devido, porque se vai discutir o problema e o sofrimento humano sem ser da forma que a malta gosta tanto, que é lamentar-se com a morte lá bem longe, a uma distância segura e perfeitamente controlável, sem assumir a posição do desgraçado.

Lembrei-me disto tudo porque também já dei de caras com o pessoal partidário do ministro do ambiente Alemão e quejandos. Já escrevi há muito tempo aqui (não me apetece pôr link) um post sobre a América. Não os acho melhores nem piores que os outros, é apenas um país composto por seres humanos, com muitas coisas boas que têm servido de farol para toda a civilização ocidental.
Estas pessoas perderam completamente a sua oportunidade de redenção, e não resistiram a entrar no ridículo de atacar. O quê? O de sempre. Esta era uma boa oportunidade de os anti-américa demonstrarem que são racionais, e que se importam mesmo com a humanidade. Pelas reacções à catástrofe percebe-se que a política e a ideologia continuam e continuarão sempre a minar o desenvolvimento do ser humano civilizado.

Enquanto isso, o inominável, o horror, o indizível, a desgraça, o indescritível e todas estas palavras são guardadas para catátrofes que valham a pena, e não para fenómenos que aconteçam aos ricalhaços dos americanos.

8.30.2005

Dúvidas

Será que o calor que tem andado, aumenta os fenómenos de combustão espontânea?
Se estes fenómenos nem sequer existem, poder-se-á falar em estagnação de episódios de combustão espontânea?
Se a combustão espontânea (c.e.) existe porque é que os cientistas não nos aconselham a andar com um extintor ás costas, durante o Verão? Remetem-me para a primeira questão respondendo que o calor nada tem que ver com isto? Nesse caso, não acham absurdo afirmar que a c.e. não é influenciável pelo calor? Pelo contrário, é o calor e a temperatura que são influenciadas pela combustão espontânea jack só pelo facto de esta acontecer, o calor aumenta no local/corpo em causa? Ou pior, será a c.e. um processo de tal forma extraordinário, que nem calor emana, operando apenas a combustão do corpo em que se dá? O que é a combustão espontânea?

8.24.2005

No patience

Os jornalistas estão a dar cabo de uma valiosa palavra, quando se trata de psicologia. Fogo está irremediavelmente ligado a: lavrar. Teste de associação de palavras (é dita uma palavra e o examinado deverá dizer a que lhe vier à cabeça) do criminoso sanguinário: faca-sangue
alguidar-afogar
porta-arrombamento
fogo-lavrar
Ora aqui está! Isto pode custar menos 5 anos a um assassino descompensado. Se quando confrontado com a palavra fogo, que gera normalmente as respostas mais fantásticas do ponto de vista da violência, estão a ver... Relatório: "Sr. dr. juiz o homem não pode ser assim tão mau já que no teste de associação até ligou fogo a lavrar." Vem o advogado de defesa e diz:"Como se sabe lavrar a terra é uma boa forma de prevenir fogos, o que revela a consciência moral e social do arguido."
O que nos vale é que este teste não é muito utilizado, e nunca em perícias.
Imagine-se agora o Rorschach (o das manchas) em que a pessoa percebe no cartão uma grande labareda a arder, pode racionalizar e dizer: "qualquer coisa a lavrar".

Lavrar, lavrar! Inventem uma, mas não estraguem a palavra fogo.

No dia

em que não houver árvores, os fogos deixarão de lavrar e passarão a mondar.

A realidade não me deixa em paz mas eu resisto

Este país está um brinco.

PDC

The bands kicked ass!

8.05.2005

zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz

Holiday in Cambodia

So you been to school for a year or two
And you know you've seen it all
In daddy's car thinkin' you'll go far
Back east your type don't crawl
Play ethnicky jazz to parade your snazz
On your five grand stereo
Braggin that you know how the niggers feel cold
And the slums got so much soul

It's time to taste what you most fear
Right Guard will not help you here
Brace yourself, my dear

It's a holiday in Cambodia
It's tough kid, but it's life
It's a holiday in Cambodia
Don't forget to pack a wife

Your a star-belly sneech you suck like a leech
You want everyone to act like you
Kiss ass while you bitch so you can get rich
But your boss gets richer on you
Well you'll work harder with a gun in your back
For a bowl of rice a day
Slave for soldiers til you starve
Then your head skewered on a stake
Now you can go where people are one
Now you can go where they get things done
What you need my son:

Is a holiday in Cambodia
Where people dress in black
A holiday in Cambodia
Where you'll kiss ass or crack

Pol Pot, Pol Pot, Pol Pot, Pol Pot [etc.]

And it's a holiday in Cambodia
Where you'll do what you're told
A holiday in Cambodia
Where the slums got so much soul

Jello Biafra

7.28.2005

Presidência

Mário Soares? Mas alguém o tem ouvido falar? Por favor! A velhice confere sabedoria e sensatez mas neste caso, o ex-presidente apresenta sinais de cansaço e alguma debilidade que convém não ignorar.O homem teve uma vida muito activa, é tempo de descansar.

Não comparar com Aníbal Silva, que alguns querem meter no mesmo saco. Aníbal não apresenta os sinais de desgaste que apresenta o hipotético adversário da sua hipotética candidatura. Eu não voto Aníbal, mas temos que distinguir as coisas.

Quase repugnante é esta parcimónia toda, como se fosse um grande favor que fazem à Pátria, além do enormíssimo frete. Isto não é assim, se querem acabar com o sistema presidencialista façam-no, mas esta macacada em que todos se fazem esquisitos para ocupar o lugar mais digno de uma Nação é que não me parece bem.

Rain

Anuncia-se chuva e eis que o jornal da tarde da RTP1 diz que isso é uma grande desgraça para o país porque esta chuva é uma chuvita que não molha nada e por isso não resolve a seca, e apenas estraga o negócio balnear. Ora acontece que eu estou fartinho destas merdas do jornalismo português. Como não há raptos, assaltos, furacões, tremores de terra e acontecimentos em condições que os saciem vêm-me com estas ridículas notícias. Será que os outros países são assim? Epá, eu começo a desconfiar que sim. Porque se os portugueses formos os únicos que andamos com estas atrasadices mentais, algo está mal na nossa evolução intelectual enquanto povo humano (pleonasmo propositado). Cá para mim os gajos que arranjaram esta notícia ficaram foi agastadíssimos com a possibilidade de os fogos deixarem de "lavrar" (como eles gostam de dizer. Quem precisava de lavrar eram alguns jornalistas com a junta de bois em cima da sua cerviz curvada) e de se acabarem aqueles directos espectaculares de fogo de artifício em que jornalistas burros de vez em quando têm que fugir para não levarem com um peeling compulsivo.

Eu intimamente acho que Deus moveu uns cordelinhos nas placas tectónicas para não haver terramoto de Lisboa outra vez, porque de outro modo não conteria a Sua ira face ao enfastiamento que sofreria por observar as estações de televisão portuguesas a falar de semelhante tragédia. O mundo passaria por um mau bocado.
Já estou a ver:-Estou aqui junto à rotunda do Marquês que não caiu (jornalista emocionada/o) provando a força do povo português!- e depois... Depois imagino os milhões de entrevistas a transeuntes em que a frase "Tratar dos vivos e enterrar os mortos" seria dita (contando com políticos e jornalistas). Qual será o jornalista português que não sonhou dizer isso no próprio país? Os debates. - Senhor engenheiro, acha que o Túnel do Marquês tem condições para ir em frente? Dentro de quantos dias se poderá fazer compras na Baixa? As pessoas do Chiado, terão direito a jogar no Euro milhões sem pagar? -Dias e dias de programas de solidariedade vácua, directos deprimentes não por mostrarem a realidade mas por a moldarem para ter mais lágrimas, mais desgraça, mais triste fado!

No dia em que houver uma grande catástrofe em Portugal, a economia vai por aí acima. Já para não falar da badalada auto-estima dos portugueses (bleããã). Ei, afinal NÓS temos catástrofes tão boas como os outros!

7.19.2005

No dia

em que todas as combinações e associações de notas musicias estiverem feitas, não se poderá criar música nova.

Degenerescências

Mudar de uma estação de rádio que está a passar Obituary, para uma em que canta o Bono (ainda por cima uma daquelas chochas).

7.14.2005

Post anterior

Importa explicar de que forma é que o homem é parasita e só o deixará de ser, se se tornar irracional. E só me dou a este trabalho porque toda a gente sabe que eu acredito na gloriosa humanidade liderada pelos gigantes da ciência.

O homem parasita o mundo porque necessita disso para alimentar a sua mente, a sua inteligência, o seu conhecimento. Um burro chega ao pé de uma flor e se lhe agradar come-a. That´s it. O homem se vir uma flor que lhe agrada, cataloga-a, dá-lhe um nome em latim, outro na sua Língua, tira-lhe fotografias, publica-as no livro e torna um ser vivo único e fenomenalmente interessante, numa coisa essencialmente banal, ainda que aumente o seu valor perante a mente e a inteligência do resto da humanidade. É um ciclo. O homem olha para a lua, vê as ondas do mar a bater na areia, e tem logo que arranjar ali alguma coisa palpável, para tornar o caos do que acontece a cada momento numa coisa controlada pela inteligência. É a chamada coisificação. Então escreve um verso lamechas sobre a lua e o mar. Claro que grandes génios podem tornar esta rude coisificação numa coisa sublime, mas são raros.

Quanto ao parasitismo da ciência, acho bonito. É bom parasitar para conhecer. Uma árvore não tem sentimentos, porque é que se há-de importar que se conte a sua provecta idade através dos anéis do tronco? Além disso está morta. O homem precisa de saber, e fica contente com isso. A racionalidade confere ao ser humano uma sensibilidade que vai muito além do continente de qualquer corpo.

Os espirituais também parasitam. Um zen parasita o oxigénio que respira e transforma o silêncio num ícone transparente e sagrado. Tudo porque também querem conhecer mais, utilizando a sua racionalidade de forma encapotada. Por exemplo, apreciam a tal flor sem dar importância ao nome em latim afirmando que não é importante, mas dão-lhe um significado transcendental que a flor no seu perfeito juízo jamais assumiria. Esta forma de viver parasitando também é bonita, mas mais uma vez, só possível à nossa maravilhosa racionalidade.

7.13.2005

No dia

em que o homem se tornar num animal irracional(por uma tenebrosa involução), deixará de ser parasita.

7.07.2005

London Calling

Mais umas bombas dos desgraçados dos islâmicos. O que pensaria o Joe Strummer disto? É verdade que ele era dos que abominavam os sistemas capitalistas ocidentais, mas para me tranquilizar há a "rock the Casbah", uma boa paródia a esses anormais dos fundamentalistas. Dá vontade de a pôr a tocar aos ouvidos dos bárbaros... E bem alto!!!

7.05.2005

Music?

Ouvi a pior música de sempre. Desde que ouço música, nunca me deparei com um fenómeno sonoro tão mau, pobre, podre, estúpido e enervante. E atenção que eu já ouvi Bee Gees, Abba,Emanuel, Zé Cabra, cradle of filth, deicide, Nel Monteiro, Baza baza vai pra casa, e muita outra merda. De todos os que mencionei (tirando os deicide) consigo vislumbrar umas qualidades que serão preciosas para outras pessoas não necessariamente pouco inteligentes. O Emanuel anima qualquer bailarico e leva-o ao rubro com os seus clássicos. Os Abba põem uma Disco a dançar e a cantar. O Zé Cabra proporcionou bons momentos de risota a muita gente. Os cradle fazem vídeos do arco da velha. O Nel monteiro tem uma cara do caraças. E o BAza baza vai p´ra casa dá ritmo ao pessoal que quer gamar umas carteiras.

Mas estes gajos que eu não sei quem são mas que quando os vir se vão ver à rasca, fizeram a pior coisinha que alguém no mundo poderia ter feito. Juntaram uma frase a um conjunto de notas mal amanhadas, puseram o vocalista a cantar à coninha de sabão e aí está a antena 3 toda parva (com o meu dinheiro e dos que pagam impostos) a passar aquele esterco. Dir-me-ão alguns: "puto, isso é o que fazem todas as bandas da actualidade!" Mas estes é pior. É pior que os Dizârt, e esses também já dançavam no cadafalso.

A música é uma em que se ouve isto: "Hey! Hello, my name is Joe I live next door. Hey hello, I´m your neighbour". Opá mas o que é isto?! Eu quando ouvi aqueles a cantar "Listen to the songs on the radio" percebi que isto não andava lá muito bem; quando chegaram estes três mentecaptos da tvi com mais três contratados para fazer dinheiro, preocupei-me. Mas isto dá cabo dos nervos de qualquer um.

7.01.2005

Mosquitos

JPC fala na Maxmen deste mês dos chatos e chatas que invadiram nos últimos tempos o Rossio. Não se trata de ladrões, traficantes, pedintes ou outras personagens típicas, mas sim de uns quantos jovens que de bloco na mão, abordam qualquer inocente que se cruze no seu caminho. Como são ás dezenas, é muito difícil não esbarrar com três ou quatro! Nunca fui apanhado. A princípio a estratégia de dizer que não se estava interessado, resultava. Mas com o tempo as coisas complicaram-se. Certos dias dei por mim a abanar o indicador com o bafo da opressora bem perto do meu nariz. "Isto está mau, pensei eu". Agora não vou com tanta frequência para aqueles lados (se tivesse um jacto iria de certeza) mas o assédio crudelíssimo continua! O pior é que já ouvi histórias de quem foi apanhado, e acreditem que aquilo é mesmo terrível! JPC ensina uma táctica eficaz que é a de fingir-se surdo e mudo o que impossibilita a comunicação: processo eficiente. Ora, há uns dois meses atrás, enquanto passeava pelo Rossio reparei que a uns 20 metros tinha 2 pares olhos sobre mim. Eram duas moças do bloco (não confundir com bloco de esquerda), e com ar faminto! Nem a perspectiva de aquele olhares terem outras intenções me animou porque o que piora a fama deste grupo é que normalmente são tod@s de aspecto duvidoso. Bom, talvez se escape uma ou duas, mas não tenho conhecimento. Comecei a suar mal vi os blocos que traziam em cada mão, olhei para todos os lados à espera de me salvar e então lembrei-me! ya está, hablaré castellano! Claro que me poderiam ter respondido e aí ficaria em maus lençóis, mas pessoal com aquele aspecto nem Português sabe falar quanto mais Línguas estrangeiras... E assim, enquanto me atacavam ( e atenção que só perceberam passados p´raí 5 segundos de ataque cerrado), respondi eu :" No comprendo, no hablo portugués, perdona!" E aqui percebi que o meu accent não é tão bom como eu pensava porque a que estava decidida a fazer-me o questionário, olhou meio de soslaio depois de me deixar.

A partir de hoje devíamos começar a engendrar uma série de divertidas partidas e brincadeiras para desmoralizar esta canalha que alegremente me estraga os passeios. Por exemplo, levar um lança-chamas e pegar fogo ao bloco: "não há bloco, não há inquérito.

6.30.2005

No dia

em que toda a gente tomar banho, a seca terá deixado de ser um problema.

6.22.2005

Boas recordações não se vão embora

Nas aulas de educação visual de 95/96 (?) o David (não sei a partir de quando passei a chamar-lhe Vinhas) estava, como noutras disciplinas, ao meu lado. De várias histórias lembro-me desta:

A certa altura comecei a levar o walkman para ouvir música enquanto expunha a minha falta de talento nas folhas de papel cavalinho. Era uma boa forma de eu conseguir estar calado, e até podíamos ouvir as bandas com que o Vinhas aparecia de vez em quando. Uma vez pediu-me os phones do walkman durante o intervalo. Perguntei-lhe para que os queria. "Empresta aí que já vês". Emprestei-lhos. Meteu os auriculares nos ouvidos, o pinchavelho que liga ao walkman no bolso das calças, e começou a abanar a cabeça. E aí explicou: " agora entro assim na associação e toda a gente vai querer saber o que estou a ouvir e eu não digo. Depois pedem-me para ouvir e eu não deixo". Deu uma daquelas suas gargalhadas, ri-me com ele, e lá foi.

Fez isto umas quantas vezes, e eu assisti a uma ou duas, em que no final lá mostrava aos apanhados que afinal não estava a ouvir nada.

6.17.2005

No dia

em que as nuvens deixarem de ter formas, é porque já não existem. Ou então a humanidade não olha para elas...

Revolution, evolution...

Os camaradas Álvaro Cunhal e Vasco Gonçalves* deixaram-nos. Grande comoção pelo país, principalmente à esquerda. Perfeitamente compreensível. Álvaro Cunhal dedicou a vida à aventura comunista: prisões, clandestinidade, fugas... Toda essa aventura tem grande valor porque a luta contra a ditadura de direita era o que o animava.
O companheiro Vasco apoiou o golpe de estado (revolução) de 25 de Abril e quis ser primeiro ministro numa altura complicada. Não fez o que devia? Também não esteve lá assim tanto tempo que estragasse tudo irremediavelmente, como certa direita afirma.

Parece-me justa a homenagem que alguns portugueses lhes fizeram. Considero-a como um prémio da luta que empreenderam contra a ditadura. Não se podem esquecer as opções políticas e os erros governativos, mas isso felizmente podemos relevar e olhar com condescendência, porque a democracia e a liberdade (a sério) chegaram a tempo.

É por isso que considero Cunhal um homem de sorte. Além de não ter sido morto pela PIDE, e de todas as circunstâncias que permitiram a sua longa jornada de clandestinidade. Cunhal é um homem de sorte porque não conseguiu o que queria. Não pôde pôr a andar a máquina soviética no nosso país, e por isso não poderá nunca ser recordado como um facínora totalitário e sanguinário, porque não o foi. A sua incompreensível admiração por Estaline não passou da ideologia e da fantasia, e isso foi bom para ele.

O companheiro Vasco ainda conseeguiu fazer algumas macacadas, mas mais uma vez o tempo foi seu inimigo e não o deixou tornar-se num homem odioso. Claro que Cunhal esteve por detrás de todas as medidas dos governos provisórios, mas o responsável máximo era Vasco Gonçalves*.


p.s. Será que viver uma vida segundo os mesmos princípios, alheio ao que se passa no mundo, não admitindo alternativas a esses princípios que o quotidiano se encarrega de tornar obsoletos, tiranos e erróneos, é uma grande coisa? E se se lembrarem de tecer loas ao hitler segundo esta lógica? Ele não teve sorte...

* corrigido depois de percebido o indesculpável erro.

6.09.2005

Ócio

Se o ócio é o pai de todos os vícios, é então, pai de grandes actividades. Será que é também pai da bastarda virtude? Porque não? Uma pessoa está ali sem fazer nada... De repente começa a fumar, beber e drogar-se. Enfada-se e decide que é tempo de fazer alguma coisa de jeito.Dir-me-ão que não é qualquer um que toma esta atitude e que a maioria se afunda mais nos vícios. Claro! Eu acredito em elites e em seres humanos mais capazes que outros. Mas estará o mais capaz a salvo da perdição? Não. Tem é que fazer para sair dela, ou para lhe escapar. Os grandes homens devem perceber o abismo para não quererem lá cair. O comum não se dá conta do abismo até lá estar atolado.

Ter uns vícios é para o iluminado uma forma de assumir a sua humanidade enquanto brinca com a decadência, nunca ou raramente a experimentando. O vício permite ao sábio arrogante equiparar-se a todos os seres humanos sem o expressar por palavras lamechas.

5.31.2005

Notas avulsas blá, blá,blá

O Marilyn Manson está a sofrer. Nem consegui lá estar a ver o gajo assim. Ajudem-no...

Notas avulsas do Super Bock Super Rock

O que é que o Chris Cornell está a fazer com aqueles gajos?

Mastodon- Grande som, boa banda.

Slayer- Old School Rules!!! Hell awaits!

Iggy Pop- O velho esteve lá.

Audioslave- Maomeno. Gostei da "Spoonman", "da Black Hole Sun" (momentos altos da noite), "Gasoline", "Cochise" e mais outras que não me lembro. Não gostei de ver o Chris a berrar "Now you do what they told ya" (How ironic Chris), e "fuck you I won´t do what you tell me". Não gostei muito da instrumental dedicada aos encerros de touros que fazem pela minha raia. Também não me agradou muito ver lá o Christiano Cornélio a cantar "Sleep now in the fire". E que tal se tocassem a "Jesus Christ Pose"? "Superunknown"? "Fourth of July"? "Pretty nose" (o.k. I´ll just stop now.)?... "Burden in my hand"?... ...


"Full on Kev´s mom"?

"Rhinossaur"?




"Searching with my good eye closed"?

Coisas que melhoram algumas vidas

Ouvir e ver o Chris Cornell a tocar a "Black Hole Sun", enquanto os assobios dos patêgos do público (canalha ratm) são abafados pelos aplausos.

Curtir a Spoonman sem estar à espera, e ver a cara de parvo dos putos que nem perceberam o que estava a acontecer.

5.27.2005

Música

Vamos lá a um desses pontos de degradação e barulho que são os concertos roque-enrole! Iggy Pop, Slayer e Audioslave(*)!

(*) Mas quando é que o Chris Cornell deixa os badamecos e vai buscar o Matt Cameron aos Pearl Jam (já tiveram muitos bateristas, que arranjem outro), e se junta ao grand Kim Thayil e ao Ben Sheperd? Ãh?

5.19.2005

Palonços

Epá é fastidiante ter que ler comentários ofensivos à nossa escrita, por esta ser elaborada! Principalmente quando não o é. Denota que quem ofende, é manifesta e implicitamente ignaro e estúpido. E é isso que arrelia. É isso que me deixa fodido. É perceber que ao escrever na blogsofera estou ao alcance do mais inútil e insignificante dos percevejos. E isso faz-me pensar se eu, um gajo também insignificante neste mundo (embora nunca um percevejo e inútil), terei como missão espezinhar esses insectos que alegremente pululam de caixa em caixa, já que blogue propriamente dito nunca terão capacidade de criar... E aqui, mais uma vez se nota a nulidade desta gosma que abunda neste país: o sonho deles é ter um sítio onde possam escrever o que querem, mas nem isso são capazes! Há quem comente nos blogues e não queira ter um blog, o que é normalíssimo. Mas nos comentários dessa canalha transborda a vontade frustrada de escrever duas juntas e pô-las numa vitrine.

5.16.2005

No dia

em que as portas deixarem de fechar, as casas serão só parede e janelas.

5.10.2005

Miúdas

Tiro as minhas conclusões acerca de novas namoradas de amigos ou conhecidos muito facilmente. Se o amigo/conhecido depois de começar a namorar me começa a tratar:
1- Igual ao que era antes. A miúda é perfeita
2- Melhor. A miúda é muy buena na cama (há que deixar passar tempo até tirar conclusões)
3- Pior. A gaja é uma cabra.

(Claramente no item 3 (pior) não se inclui o beber menos copos ou conversar menos, porque as miúdas passam a ser prioridades. Muitas vezes uma boa conversa uma vez por ano chega).

5.06.2005

Nazismo vs Comunismo

Round three! (In fact is round one)

Epá!!!

Recuperei o mescla!!! Agora é o fisgamas tem os textos originais desde 3 de Setembro de 2003!!! Sou um veterano! Eh! Foi tão fácil livrá-lo das garras dos terroristas censores, mas quem não sabe é como quem não vê... Aqui fica um dos primeiros textos que lá escrevi, para festejar o regresso do filho pródigo (vamos lá a ver se o zarabatana não me vem pedir contas):
Agora os maços de tabaco têm novas marcas. É uma alegria! Pede-se uma marca qualquer mas a que se recebe pode ser sempre diferente. Ainda hoje me saiu a: "fumar mata". Também já fumei a :"Fumar durante a gravidez prejudica o feto". Esta última parece-me demasiado comprida mas penso que a ideia da tabaqueira é incentivar o coleccionador que há em cada fumador. Quaquer dia os putos em vez de coleccionarem cromos da bola coleccionam as diferentes marcas que lhes saem quando compram tabaco! " Oh Zé, já tens a: fumar provoca doenças cardíacas? Eu tenho-a repetida, se quiseres dá cá a tua: quem fuma morre precocemente. O que quer dizer percóssement?"
É a democratização do coleccionismo do tabaco. Até agora só coleccionava quem ia ao estrangeiro e trazia marcas que nunca ninguém tinha visto, mas agora basta pedir o tabaco habitual para se ter uma agradável surpresa. Espero que rapidamente implementem a medida que já está em vigor no brasil, que é a de porem imagens chocantes nos maços. Aí é que vai ser divertido! " Oh Zé, já tens a do gajo a cuspir sangue? Se quiseres troco-te esta pela do pedaço de carvão que parece um pulmão. Hoje gamei uma edição especial ao meu pai. É aquela do bebé com malformações!"

5.04.2005

Moral

Estará o pensamento moral mais evoluído do que estaria há (por exemplo) duzentos anos atrás? As barbáries que todos os dias vemos acontecer provar-nos-ão que não?
Terão todas as culturas, à sua maneira, um desenvolvimento moral aceitável e consentâneo com o ser humano? Ou por outro lado, podemos aceitar posições etnocentristas que afirmam que há culturas evoluídas moralmente e outras que nem por isso? Estarão algumas culturas, em estádios de desenvolvimento mais atrasados que outras? Apedrejar uma mulher por adultério indica que tipo de pensamento moral? Extremo, primário, bárbaro, equilibrado,errado, civilizacionalmente condicionado? Se for a última hipótese a correcta, será que o condicionamento civilizacional pode não ser mais que deturpação moral? E matar uma pessoa por ter morto outra é o quê moralmente? E se com os avanços forenses se descobrir que determinada pessoa matou e voltará a matar assim que puder? Será moralmente aceitável sublimar essa informação, acreditando sempre na redenção do ser humano? A Morte caberá no pensamento/desenvolvimento moral do ser humano?

Será que Kohlberg tinha razão quando simplificou as coisas?

4.29.2005

Personality Disorder

Também me apercebi da falta de originalidade do nome do meu blog. Any suggestions? I´d be well obliged if you gave me some.

Ego

Alguém escolheu um texto do zarabatana para postar! Poça não encontraram aqui um melhor?Anyway, fico contente! Eh!

4.28.2005

Os novos moinhos

No bde encontrei esta gravura que é interessante, curiosa, mas deve sobretudo suscitar umas quantas discussões, na sua maioria resolvidas a priori. E é a visão apriorística de certos assuntos que inquina a liberdade de pensamento, e até o discernimento acerca do que nos rodeia. Olhando para a dita gravura podemos tirar várias ilações e conclusões. Na realidade o desenho é de certa forma ambíguo (não o seriam também os gigantes que D.Quixote avistava?), porque pode agradar ao mais radical esquerdista pro-proteccionismo-e equilíbrio-no-mundo-somos-todos-bonzinhos, como ao liberal pro-livre-concorrência-e-viva-o-Darwin-cada-um-que-se-amanhe.
A mensagem mais óbvia que se pretende passar é que as "brands" ou Companhias ilustradas são más, são os gigantes que atormentam D.Quixote (mas nem por isso o Sancho Pança).Os moinhos representam os gigantes liberais que ameaçam o mundo, e o D.Quixote representa os que vêem nessas multinacionais o perigo para o mundo. A cavalo da ideologia de esquerda / ultra-nacionalismo de direita(escolher conforme a opção política) e armado de manifestações, fóruns, alguns média e de políticos activos na sociedade, D.Quixote prepara-se para a luta que vai perder. Aqui mora a primeira curiosidade: se o objectivo era atacar as multinacionais, o ilustrador dá a entender que a derrota é inevitável (a não ser que não conheça convenientemente a história do De La Mancha). Pode também ser apenas um apelo a uma luta romântica.
O Sancho Pança (não podia ser mais parecido com o Zé Povinho pois não?)representa o povo, que não está muito interessado em combater o que não o ataca e afecta directamente.

Outra forma de observar a gravura e as pás dos moinhos, também me parece óbvia. Os gigantes só existiam na cabeça do D.Quixote, e na verdade os moinhos não faziam mal a ninguém, pelo contrário, moíam cereais para dar de comer a muita gente. Claro que o autor deu-se ao cuidado de desenhar apenas os moinhos e não os gigantes, mas neste caso a alucinação são as pás, o que de forma encapotada vai dar ao mesmo.Ou conhecem algum moinho que funcione com umas pás em forma de W ?!

Concluindo: sem conhecer o autor do desenho não posso concluir qual seria o objectivo deste ao desenhar o que desenhou. Atendendo ao sítio onde encontrei a gravura deduzo que fosse para desdenhar as brands, as corporações multinacionais. De qualquer forma foi mal escolhida a analogia.

4.27.2005

Ai os cegos do metro!!

Pois foi aqui mesmo que descobri a posta que me mostrou outra vez o que é a nostalgia. Eu acompanhei a evolução deste jovem e desgrenhado cego. Começou por aprender a cantilena e repeti-la incessantemente. Passado algum tempo começou a dizer o texto com ritmo (foi nessa altura que o ouvi maldizer a sua sorte.Nesse dia ninguém lhe tinha dado nada de jeito). Um dia apareceu com uma lata de coca-cola (ou outro refrigerante qualquer) e com um pau, e enquanto dizia o seu texto com ritmo acompanhava com o som. Depois...Depois... Depois vim embora...

Já agora, andava um cego no metro que dizia qualquer coisa como: "slabralabrlrlrlrabaSIM"!Mais tarde percebi que dizia: "Quem é que dá uma esmola ao ceGUINH!"

4.26.2005

No Dia

em que começarem as mutações génicas, quem tiver um olho na nuca é rei.

4.21.2005

No Dia

No dia em que o holocausto nuclear rebentar, os bêbados (Tróia! Coradinha!) é que se vão rir dos sóbrios.

4.20.2005

Bento

Aaaaaahh que contente estou com a ordenação do Ratzinger a Santo Padre! Agora acabou-se, não há cá meias medidas. Já estou farto de ouvir católicos a falar da subjectividade dos dogmas, da sua falibilidade, e até da dúbia relação de Jesus com Maria Madalena! Mas o que é isto?!Dúbia só para os incréus, porque um católico que se preze deve saber compreender e interiorizar que Jesus era de tal forma grandioso que não necessitava de relações carnais, ou (sublimando) de amor platónico. Venha daí o conservadorismo que a Igreja Católica bem precisa.

Ah! Foi também com júbilo que observei as reacções do reviralho e dos meus companheiros agnósticos e ateus. Só por isso valeu a pena esperar dois dias.

Maus foram os comentários de católicos (inclusivé padres e bispos) que deploraram a escolha dos cardeais. Mas eu é que tenho que explicar tudo??!!!! Não foi uma escolha humana senhores bispos, foi o divino Espírito Santo e Deus. Ai, ai, ai! Deixem-se lá de lamúrias e política, e vão mas é rezar e salvar almas...Papas hippies e fixes?! Good Lord!! Hope not.

4.18.2005

.

Escuro como o breu, sempre escuro. A hecatombe não permite a luz, a não ser na imaginação. Duas semanas na mais completa obscuridade, sem energia sem poder ver rosto nenhum, porque tudo é fuligem. Os pulmões contorcem-se e o nariz distingue cheiros com dificuldade. Cada indivíduo torna-se uma terrível ilha. Uns desesperados ocupam-se de assassinar debalde. Ninguém se defende porque os sentidos são inúteis. Ninguém fala pois os tímpanos que ficaram intactos depressa se destruíram devido aos sons lancinantes que continuamente ecoam por todo o lado. Só o tacto serve. Para os assassinos tocar é matar. O pior da humanidade domina em apenas duas semanas de caos. Andar, mover-se, sobreviver é um perigo de tal forma real que poucos tomaram consciência dele.
M. está de pé e imóvel no meio do que seria a sua rua, desde o dia das grandes explosões. Mantém os tampões nos ouvidos que levara ao concerto de punk-rock. Está aterrorizada. Sente o barulho lancinante e pior que isso, ouve as hordas de assassinos desorientados e os gritos das suas vítimas. Ainda nem teve coragem de se deitar ou sentar. Os seus dias têm-se passado numa longa e penosa espera para que tudo aquilo passe. Não consegue tomar uma decisão que seja. Pensou em tirar as protecções dos ouvidos quando se apercebeu que os gritos das pessoas agonizantes e assassinadas iam ser contínuos. A sua coluna vertebral está em fanicos. O frio, os tremeliques, o cansaço e o ruído vão curvando M. a pouco e pouco.
Quando sentiu a respiração e o cheiro de alguém que se aproximava abriu os olhos que se encheram imediatamente de fuligem e soltou um grito. Finalmente emitia um som, um grito. Sentiu a lâmina nas suas costas, e nesse momento desejou não ter ficado ali parada, à espera do fim.

4.14.2005

Triste

Analfabetos que não sabem a diferença entre uma ideia simples e que propõe um debate ( que até pode ser retórico) e uma grande Ideia com que se revoluciona a forma de pensar e ver o mundo, permitindo que o seu autor seja reconhecido e aclamado.

4.11.2005

No Dia

em que as letras se decidirem pela anarquia, o problema da iliteracia será ainda maior, e a dislexia uma epidemia.

4.08.2005

?

Ora cá está um bom blog (ainda por cima tem um link para o zarabatana)! Formado por desconhecidos (ainda por cima não os conheço) mas com queda para a boa posta. I´m obliged gentlemen.

Roots, radicals

Ora aqui está um bom blog. Constituído por uma equipa equilibrada, apurado do ponto de vista estético ( também, comparado com o meu qualquer bacorada é estéticamente apurada), e com umas boas postas. A salientar os brasões do Sabugal. F- para o citador. Do you really need that guys?!

4.04.2005

3.31.2005

Optimismo

Se um enorme meteoro embatesse a grande velocidade contra a superfície da terra, eu faria parte do restrito grupo dos danos colaterais.

3.24.2005

Estaline e Hitler: "Os visionários"

O novo governo tomou posse e anda tudo muito animado porque finalmente vamos ter o país a entrar nos carris(de que será feita a locomotiva e os carris?). O que é assaz interessante é este entusiasmo e esperança num governo Sebastianista, ou Cavaquista (Jesus!). Sim porque já comparam o estilo Sócrates com o estilo bolo-rei. Intrigante isso ser aventado nos jornais como algo de positivo. Pior ainda, quando são jornalista que eram implacáveis com o estilo do Cavaco e o consideravam como anti-democrático, e agora o melhor do mundo é ser como ele. Era coerente se víssemos escritas as coisas desta forma: "Estamos perdidos, Portugal está entregue ao totalitarismo"; "Sócrates pactua com forças e ideologias anti-democráticas"; "O regime austero e de desprezo pelo povo e média está de volta","Escondam os vossos filhos,o BOLO-REI está de volta!". Assim sim! Agora ver notícias de regozijo pelo regresso de um tipo de governar que era deplorado há uns anos, não é correcto.
Daqui a uns meses já haverá uns quantos descontentes, e aí vai voltar tudo ao normal com acusações, escândalos, desgraças, tachos, e o governo deixará de ter um estilo bom porque a imprensa o vai decidir. Terminará o "estado de graça" (não resisto: graça que nem uma cabaça). O governo anterior também deixará com o tempo de ser bode-expiatório o que levará o executivo actual a tomar medidas que possa apresentar ao povo e aos (tele)jornais. Mais insatisfação, porque as medidas são más e blá, blá, blá. Todos os ministros suspirarão ( que mal me soa) pelos meses do início da legislatura em que não faziam grande coisa e todos andavam felizes endereçando culpas de tudo o que corria mal ao anterior governo.
No fundo, o que Hitler e Estaline fizeram durante os seus mandatos foi prolongar o período de estado de graça. Não permitiram que a imprensa começasse a denegrir o seu estilo de governar (silenciando quem o fizesse),"apoiando" a imprensa mais amiga e colaboracionista, e arranjando bodes-expiatórios que serviam para qualquer situação incómoda: judeus, capital, religião, américa, narizes bicudos e orelhas de abano, etc...

No dia...

...em que a direita deixar de ser arrogante e a esquerda invejosa, acaba-se a política.

Ah!

alex
I am Alex, from "A Clockwork Orange."
Real Horrorshow.


Which Random Cult Movie Character are you?
brought to you by Quizilla

Ah! Who would´ve known?

3.15.2005

Meteorologia Keynesiana

A melhor forma de a seca acabar é a chegada do tempo quentíssimo com um sol radioso e exuberante. Desta forma evapora mais àgua da superfície terrestre, que se vai aglomerando em volumosas nuvens. Quanto mais nuvens, maior probabilidade de chover. Quanto mais calor, mais e maiores nuvens. Logo, quanto mais sol, mais chuva.

3.11.2005

O.K. Isto é assim...

Isto o quê? Assim como? Zero baixas, concordo. De todas as muletas usadas pelos falantes de Língua Portuguesa esta é a mais irritante. Diz-se sempre antes de iniciar um discurso quasi-explicativo. Numa conversa normal entre mais de quatro pessoas, a média do número de vezes que esta ignóbil expressão é usada, ultrapassa as mil e vinte e três vezes por cada meia-hora!
-Olá, como estás?
-Isto é assim, ontem estava bem mas hoje nem por isso.
-O.K.isto é assim, eu perguntei-te hoje, agora.
-O.K. Isto é assim, eu achei necessário referir que ontem estava bem para não pensares que estou mal há muito tempo.
-Aaah!Então está mesmo mal?!
-Epá, isto é assim, mal, mal não estou. Também não estou bem.
-O.K. Isto é assim, eu perguntei-te como é que tu estás e não como tu não estás! E isto é assim, eu ainda não obtive reposta concreta à minha pergunta primordial.Afinal, como estás?
-Estou levemente indisposta e tu?
-Isto é assim, se virmos do ponto de vista físico estou bem, mas espiritualmente estou um bocado apagado.
-Apagado?!
-Opá isto é assim, não tenho tanta energia como costumo ter.
(...)

3.02.2005

Bandas

Encontrei aqui os resultados de uma eleição para escolher as melhores bandas portuguesas. Como é inevitável, vou escrever o que acho de alguns resultados.

GNR em primeiro?! Não concordo com o povo que, contudo, é soberano. Estes gnr têm boas músicas, letras originais e longividade próxima do rótulo "dinossauros do rock" no entanto a inconstância de qualidade das músicas e álbuns não me levaria a escolhê-los para melhor banda portuguesa.

Mão Morta podia estar em qualquer lugar porque os que gostam, gostam e os que não gostam admiram. São acima de tudo uma grande banda, com um som fenomenal. É uma banda que está acima da conquista de público. Quem ouve músicas dos Mão Morta não está a pensar em ir votar num blog para a eleger a melhor banda... Quem o fez são os incondicionais do som roufenho que sai dos albuns destes. Não resisto a transcrever uma resposta de Luxúria Canibal a uma entrevistadora num programa qualquer na tv há uns anos: "Adolfo, tu costumas cantar no chuveiro?" Resposta: "Nem no chuveiro nem em palco".

Sétima Legião????? Tudo bem que faziam um som engraçado com raízes na música popular mas o rapaz que cantava (e provavelmente canta) fazia-o muito mal. Eu em garoto comprei o auto de fé (ao vivo) e na altura percebi que o gajo cantava pior que eu no chuveiro ( e eu não canto no chuveiro).

Madredeus / Ornatos Violeta / Xutos e Pontapés. Não são comparáveis (obviously). Tudo bandas de gabarito embora ache que os ornatos devem estar inchados de estar ao lado dos Madredeus que revolucionaram a música popular portuguesa e a levaram a sítios onde só ia a Amália, e dos Xutos que são a maior e melhor banda de rock n´roll do país.

Heróis do Mar. Diz que sim, que também mandaram aí umas pedradas no charco. Não gosto. ´

Radio Macau também é fixe. Lá com a Xana na voz a cantar aquelas lyrics malucas com o som bem esgalhado. Pena que agora só me consiga lembrar daquela música do céu azul. Boa onda a renovação(eiapá!) que operaram com o último álbum em que inseriram as novas tecnologias e novas formas de fazer música. A meu ver, fizeram-no com conta, peso e bebida.

Clã são a revelação pop do séc. XX e espero que se aguentem por este que aí vem. Acho que estão com pouca força... Boas malhas, boas letras ( com colaborações de nível) e uma menina com demasiados jeitos a cantar. Está bem.

Mler ife Dada! O que eu curtia, quando era puto, aqula música do zabi zubizabi , Eh! Não conheço mais nada mas o nome também me agradava! Por estas duas coisas merece estar no top 20.


Da Weasel é uma boa banda que já tem um historial de clássicos. Com qualidade, com um bocadinho do hip hop de rua, hip hop glam, mas acima de tudo genuíno. Bom som, boas letras, bons videoclips. God bless Johnny!

Belle Chase Hotel. Também podia estar em qualquer lugar que os que gostam, gostam.... Belíssimas letras, bom som, originalidade e atitude de decadence. Concertos com JP sempre muito cool e beza com o constante cigarro, criam aquela atmosfera de clube dos anos 20 ( the roaring ones)!

De resto, uma palavrinha para os grandes Ena Pá 2000, esses sim interessados num bom lugar na eleição já que se pode considerar uma primeira sondagem à eleição da PR. Mauel João tudo tem feito para conseguir o carinho do povo português e começou bem.

Os Ban são muito maus e toda a gente sabe.

Os Peste e Sida nunca deveriam ser confundidos com Despe e Siga. Alguém confunde Agatha Christie com Mary Westmacott?
Peste e Sida é bom. Despe e Siga é maomeno.

N.A. (muito tardia) Por acaso reparei ali na longIvidade dos gnr. God damn! O que vale é que pouca gente viu.

2.28.2005

No dia

em que o céu nos cair na cabeça, pouca vontade teremos de olhar para ele.

2.24.2005

No Future!

Pois é, já passaram uns quantos dias desde a vitória do PS nas eleições... Não resisto a comentar. Gira o disco e toca o mesmo. Impressionante como os dois partidos do poder conseguem ter candidatos tão parecidos nas diferentes eleições. Sócrates/Santana, que belo par de políticos. Um deles ganhou as eleições com maioria absoluta e já se levantam as vozes vencedoras para dizer que sim que era inevitável já que Sócrates é muito melhor do que o incompetente Santana. Eu não caio nessa. Sócrates parece-me mais vazio e artificial que Santana, com um discurso estudado ao milímetro para não dizer nada e sempre com aquele sorriso de quem está a dizer tudo sobre o caminho para a felicidade. Santana com as suas bacoradas demonstrava que pelo menos não era escravo do politicamente correcto e dos assessores. Foi longe demais quando deixando de ligar ao politicamente correcto começou a entrar na piada fácil, demonstrando que não obstante ser mais genuíno que Sócrates, não tinha estofo para Primeiro Ministro. Ainda assim não acho que Portugal tenha escolhido o mal menor, escolheu outro mal.
Gostava de poder dar o benefício da dúvida, mas já começo a notar os boys a mexer e os seus rabos a ficarem com vontade de sentar nos cadeirões do poder. A dança já começou.
Portugal, infelizmente continua a ser um país marginal com episódios dignos da América Latina ou África, e já há uns séculos que se apontam os mesmos defeitos a esta sociedade feita de mediania em que as elites não fazem mais do que desprezar o país. É certo que o país e o povo também despreza essas elites, mas por o serem não podem agir como a mediania que criticam.
Qualquer dia isto só lá vai à bomba!

2.23.2005

Snow! Neige!

A Neve voltou em força! Mais uns trambolhões! Eh!Eh!Eh!
Saco de plástico preparado para deslizar nas mais acentuadas ribanceiras. (sim, saco de plástico que trenó é macacada de burguês!)

2.16.2005

L.

Tivesse L. escolhido outros meandros para se afundar e o sucesso teria sido nulo. Estes que escolhera revelaram-se plenamente adequados à decadência que nunca pretendera mas que agora sabia ser a verdadeira fonte da sua satisfação. Farto de “tantas lérias” como ele próprio afirmava, entregara-se à penosa e recompensadora tarefa de viver completamente livre das pressões que o iam esmagando a pouco e pouco.
O primeiro passo para a “libertação” foi o de roubar todos os pedintes que encontrou pela cidade, aproveitando para despender energia quer a correr como a lutar. Quinze dias que lhe permitiram amealhar grandes quantidades de dinheiro e várias cicatrizes. Quando o dinheiro recolhido perfez uma soma à altura das suas aspirações, doou-a a uma empresa global de armamento… A forma extasiada e confusa com que o director da empresa o recebeu divertiu L. de tal forma que se escancarou a rir na cara do sr.
-A que se deve este seu gesto?!
-Ah! Ah! Ah! Ah! Oh! Oh!
-…
- Desculpe-me Sr. mas este átrio lembra-me situações deveras engraçadas, talvez com tempo tenha oportunidade de lhe explicar melhor.
- Com certeza mas…
- O dinheiro é para a empresa aplicar onde achar melhor. Aliás, se eu doei o dinheiro já não tenho nada que opinar. Enerva-me que em situações análogas as pessoas imponham que o dinheiro seja gasto desta ou daquela maneira. Como o transeunte que dá dinheiro ao adicto e lhe deixa uma qualquer advertência acerca da importância de comer um sandes ou uma sopa. Se o adicto quisesse comer sandes e sopas estava a trabalhar e comia sandes para poupar para o sistema de cinema em casa. O que ele quer é bem diferente e fora do alcance sensório do doador. Por isso, e por leveza de consciência, o doador dá um conselho prático de como a sua massa deve ser gasta, mas no fundo sabe que a primeira coisa que o adicto-pedinte vai fazer assim que tiver reunido certa quantidade de dinheiro, é ir aviar uma dose para mais uma vez fugir da realidade. E isso leva sempre a que o transeunte fique pior que estragado porque ele tem que gramar a realidade. O facto de saber que à custa dele alguém foge às responsabilidades de ser humano deixa-o mais que agastado, mas não consegue evitar de dar o seu contributo para isso porque ainda mais no fundo, ele sabe que é a fuga da realidade que levará o outro à destruição.
Como entende, não vou fazer objecções à forma como queiram gastar o dinheiro. Se um dia for morto com uma arma da vossa empresa, terei protagonizado mais um alegre episódio da inevitabilidade da coincidência. - Ofereceram-lhe uma arma como agradecimento pela oferta, o que L. aceitou prontamente. À saída encontrou um pedinte e ofereceu-lha… Com balas e tudo…
O projecto estava a correr-lhe bem.

2.11.2005

Reminiscências... (ai que saudades do mescla)!

No Mescla cheguei a escrever um post acerca do que eu considerava inexplicável, que era a dos nazis não suportarem comunistas e vice-versa. Até à altura eu também diferenciava primariamente os dois. Desde pequenos que nos é inculcada a ideia de antagonismo entre nazismo e comunismo. Nesse texto que os 20 milhões de leitores do mescla devem ter lido (que eu não encontro…) apontava algumas ingenuidades (no que diz respeito ao ódio) a ambos os movimentos colocando-os no mesmo saco. Agora encontrei um texto que clarifica tudo de uma forma bem mais eficiente que eu. Entre outras coisas é explicada sucintamente a animosidade entre nazis e comunistas: realmente não há pior que o ódio fraternal! Atentem nas medidas e crenças hitlerianas e comparem-nas com o que conhecem da política hodierna.
É um fenómeno assinalável que ninguém ouse abrir a boca para certos problemas da humanidade, mas que a tem permanentemente escancarada para debitar os trava línguas morais de sempre. Mais uma vez a humanidade recusa-se a receber a mortalidade que a define reagindo de forma histriónica aos acontecimentos negros que protagonizou (campos de concentração nazi), barafustando, chorando, gritando, acusando com ferocidade e, melhor que tudo, afirmando: nunca mais. A seguir vão para as ruas mostrar a fronha do lenine, do che ou do estaline numa bela t-shirt vermelha! Eu cá também preferia que nunca mais houvesse tamanha estupidez humana que leva à tentativa do extermínio, mas os gulags da Sibéria continuam activos (ao que parece cada vez mais próximos da actividade de outros tempos), e as pessoas que mais ladram contra os horrores do passado são aquelas que mais dispostas estão a seguir um palhaço qualquer para o Novo Abismo. Tudo porque se recusam a perceber a humanidade e sonham com o dia em que todos pensem igual. Se essa desgraça acontecer, não será sem antes haver outro banho de sangue.

2.08.2005

Importância indevida

Continua a campanha eleitoral a todo o gás. Agora a polémica saltou para dentro da Igreja (wow! Que novidade!) devido à homilia de um qualquer Sr. abade de uma qualquer freguesia transmitida numa rádio.
1. A Igreja Católica sempre se imiscuiu na política levando por vezes os crentes a pensar que há um voto mais consentâneo com a presumível entrada no Reino de Deus. Os jornais beatos que deveriam servir para difundir a fé cristã são disso bom exemplo. Aliás, conheço vários que passam com regularidade os limites do bom senso, e que ainda por cima nunca se aproximam dos níveis mínimos de rigor jornalístico quando fazem o tratamento de material noticioso.

2. Os partidos que mais atacam estes "leves factos clericais" são os que legitimam a desculpa da legítima defesa.

3. Será que quem ouviu o sr. abade a falar lhe dá algum crédito?! Come on! Aquela vozinha irritante já não se usa! Aquela homilia serviu para mostrar que até no plano mais terreno e físico a Igreja ainda tem muito que aprender(quanto mais no espiritual!).

4. E depois?! A liberdade permite que as religiões se expressem com liberdade. O Estado é laico mas nunca ninguém disse que a Igreja é apartidária. Além disso, aquele tipo de mensagem só serve para agudizar alguns sentimentos puritanos que já existem a priori nas pessoas. Nesse caso o perigo não existe de uma forma tão evidente como muitos afirmam.

5. Quando houver a próxima votação do papa espero vivamente que o primeiro ministro português vá para o Vaticano fazer campanha pelo candidato português.

"Caros irmãos! Estou aqui a apelar ao voto no vosso irmão Cardeal português! Sim, porque já basta de injustiça e de falta de Espírito Santo. Com um Papa português eu prometo que o Espírito Santo virá não sob a forma de uma língua de fogo, mas que cada Cardeal terá direito a sete línguas de fogo..."

2.01.2005

Eleições

"Why you act crazy?" Why politicians? WHY? Eu quero um país em condições! Eu quero um país onde com as minhas habilitações possa ganhar 5000 euros na boa, sem que o custo de vida esteja exacerbado!

Dia 20 vou olhar para o boletim e pensar: "What the hell have I ?" Viro à direita e vejo uma cambada de betos com idade para ter juízo mas que não passam disso mesmo, uma chusma de betos todos contentes por terem ideias que agradam às mamãs.

Vou para o centro e dá-me uma vontade inexprimível de me tornar um terrorista apartidário sem causa. O centro esquerda dá-me vontade de encarnar o Una bomber. O centro direita o Moriarty (XXI).

Viro à esquerda e vejo radicais e/ou bem pensantes que pensam que o ser o humano é o da definição de Rosseau.

Cá para mim ainda vou votar no Movimento do Doente (nem sei quem ele é!) e depois arranjo uma doença catita para me darem um belo tacho.

1.29.2005

Pulítica=Pota

Em pequeno, na altura em que aprendia a ler, vi várias vezes a palavra "pota" escrita nas paredes . Eu não percebia muito bem o que seria pota, mas tempos houve em que pensei que fosse apenas um nome muito vulgar do sexo feminino. Vieram os ditados e comecei a perceber que havia uns quantos colegas que simplesmente não acertavam com as letras correctas nas respectivas palavras. Assim, o puzzle que eles faziam durante o ditado não fazia grande sentido. Isto levou-me a perceber a confusão que muitos tinham com o som das letras nas diferentes situações. Pois se já era difícil construir um puzzle a duas dimensões, mais a dimensão mental, acrescentar-lhe a dimensão do som é arrasar os nervos a certos desgraçados. Com a fonética e os erros que esta proporciona descobri enfim que "pota" não era mais que "puta" e que os garotos que escreviam a palavra a torto e a direito nas paredes não eram mais que putos revolucionários que pintavam nas paredes o palavrão mas sem o escrever Uns autênticos artistas. Porque qualquer pessoa olha para aquela palavra e sabe o que no fundo lá está. Mas se o puto fosse apanhado pelo sr. polícia a escrever o que diria? "(acrescentando um "S" no fim)Estou a escrever Portas sr. guarda, é o meu político favorito! OOOps! Esqueci-me do "R". Não diga ao meu pai que ele é comunista!"
Um puto mais inteligente e activamente mais agressivo não resistiria, no entanto, a escrever a palavra correctamente. Obviamente que chocaria mais, mas sem a possibilidade de um subterfúgio tão airoso com o outro. Assim se abordado pela polícia durante o acto transgressivo, o puto faria arte nessa altura e não com o facto de escrever a palavra que desejava. Indo mais além, escrever a palavra "puta" não seria mais que um estímulo para no caso de ser apanhado em flagrante( outro estímulo) pensar na frase que realmente quereria escrever.
Polícia- Com que então a escrever asneiras na parede hein?
Puto do Carais- Quem eu?!
-Sim, o menino está a riscar a parede, e ainda por cima com palavrões!
-O que eu estou simplesmente a escrever é: PUTATIVA CREDIBILIDADE DA CLASSE POLÍTICA DÁ-ME VONTADE DE RIR! AH!

1.27.2005

Deplorável

A forma como alguns seres humanos se escondem sob uma capa rude, estando no entanto sempre prontos a aceitar tudo de todos. A conversa fiada fica para os amigos, as atitudes, no bolso. Esta necessidade de agradar a estranhos deve ser também patológica (personalidades borderline). Mas a existência de tal disfuncionalidade social não deveria sempre afectar as amizades mais próximas, certo?

1.20.2005

Andares

Depois de ter passado a linha-férrea o Sr. Mil continuou o caminho pelo cais, sabendo que a qualquer altura poderia ser interpelado pelo facto de não levar vestido o sobretudo. Além disso ele temia que reconhecessem a sua maneira de caminhar, o que lhe traria graves problemas: pela sua forma de caminhar já havia sido apanhado em situações ilegais. Furtivamente entrou num armazém vazio e sentou-se no centro. Precisamente. Havia vinte e três noites que não dormia e no entanto continuara activo, sem sono. Hoje apetecia-lhe dormir e o chão poeirento do barracão servia perfeitamente, não obstante as alegres ratazanas e algumas baratas que procuravam em vão algo para se saciarem.
Sonhava com tempestades e cavalos alados resgatando pessoas, correntes intermináveis de água misturada com vinho que seres impressionantes bebiam emitindo sons roufenhos, moças que se maravilhavam com os cavalos, homens que se maravilhavam com as moças e com os cavalos, quando foi interrompido. O segurança apontava-lhe a lanterna à cara:
- Que se passa?
- Não sabe que não pode estar aqui deitado?
- Porquê, incomodo as ratazanas?
- Incomoda as pessoas da cidade.
-Por estar aqui?! – Mil pensou nesse momento se estaria ainda a sonhar, e se este segurança não seria um desses seres impressionantes.
- Muitas pessoas o viram dirigir-se para aqui, e o senhor sabe o que significa quando certas pessoas reconhecem o seu caminhar…
-Sei muito bem o que quer dizer, e eu estou consciente das implicações que a forma como eu ando acarreta, mas isso não me obriga a impedir-me de andar em certo sítios. – Mil estivera em situações semelhantes dezenas de vezes, tendo já sido preso algumas delas. O segurança não parecia disposto a medidas extremas embora tenha continuado:
- Venha comigo.
- Não quero.
- As pessoas querem confrontá-lo.
- Não quero.
- Eles apenas querem que seja igual a todos nós.
- Não preciso. Estou melhor assim. – O segurança sorriu com complacência o que o irritou levemente.
- Pelo menos vá para um dos cantos do armazém, as pessoas não vão ficar tão chateadas se souberem que eu o expulsei do sítio onde se espojou, caso contrário arranjo sarilhos.
Sem uma palavra, Mil dirigiu-se para o canto direito (de quem sai) ao lado da porta e sentou-se mirando o segurança. Este foi-se embora satisfeito com a sensação de dever cumprido e com a estúpida sensação de poder. Afinal, tinha conseguido agradar às pessoas!
Mil decidiu sair quando o sol começava a despontar, enfiando os seus raios por entre as abundantes frestas do armazém. Comprou um jornal onde procurou anúncios referentes a emprego para topógrafos, e quartos para alugar. O dinheiro que juntara ao longo de alguns anos de trabalho começava agora a escassear e precisava de um sítio barato para dormir. Quando o despejaram da anterior casa por se recusar a viver de determinada maneira, vagueou pela cidade onde encontrou o que queria, sempre ao acaso sempre sem ter o azar de o voltarem a chatear por causa do caminho e do seu caminhar. Perturbava-o o facto se o segurança o ter importunado devido a esse problema. Depois de tantos dias sem nada lhe dizerem pensara já que tudo se tinha tratado de uma forma de o tirarem da sua própria casa, mas pelos vistos fora uma confortável ilusão que o levara a respirar fundo. A casa já não era sua, mas o problema continuava a incomodar. O problema que tanta confusão fazia a grande parte da sociedade. Lembrava-se bem do dia em que a autoridade o levou para o antro com o fim de o convencer a libertar-se do “fardo”, que tanto pesava (acreditavam eles) e que lhe mostraram dezenas de cadeiras de rodas para que ele escolhesse com toda a liberdade e consciência que o Estado lhe permitia. “O Estado é bom e inquestionável” ecoava-lhe na cabeça como o silvo de uma faca a afiar. A liberdade apregoada pelo Estado permitiu-lhe renegar a vontade de renunciar ao seu caminhar, mas a forma como lhe controlam a vida desde então tem sido dificilmente suportável, mesmo estando consciente da sua vontade. As 23 noites sem dormir foram sem dúvida a última provação. Mil esperava ceder enfim aos outros, se estivesse frágil e com o discernimento muito afectado, o que não aconteceu. A sua individualidade sobrepunha-se á vontade de libertação do Estado. Então continuou caminhando da única forma que sabia e queria, autónomo de rodas e máquinas, com as suas pernas.

1.19.2005

A juventude é que está perdida?!

Há uns dias atrás um amigo meu presenciou um fenómeno deveras revelador sobre o caos em que estamos Universalmente mergulhados. Numa praça pública da minha mui pacata cidade (ainda ontem era uma vila com 2 milhões de anos e agora é uma cidade com aprox. 15 dias), perto da escola primária (sim DA escola primária), uma mulher de quarenta e tais dirige-se a um petiz dos seus 6 ou 7 anos da seguinte forma: "Olha, vai pó caralho que ta foda!!!" Bom, isto é sem dúvida um ponto alto da civilização. A mulher não apresentava sinais de demência nem de perturbação( se bem que alguma coisa se arranjaria depois de observação aturada), e a radiosa frase foi dita alto e bom som sem qualquer problema de dicção. Porquê? Porque é que o petiz mereceu tão agressivo tratamento? Será que tinha posto um olho roxo ao filho da mulher; bebido o delicioso leite que oferecem nas escolas; tido melhor nota nalguma ficha? Ou pior, o puto ter-se-ia chibado a quem não devia acerca de comportamentos impróprios da mulher?! Ou pior pior ainda, seria o petiz filho da mulher e o desabafo seria de quem está farta de aturar o filho? Não sei!não compreendo, o que me torna impossível assimilar correctamente, mas o fenómeno existiu e há-de perdurar nas nossas memórias: a grotesca imagem do descalabro civilizacional. Melhor teria sido que o petiz tivesse gramado com um tabefe, que ter-lhe-ia doído menos com certeza... Mas bater já não se pode... Só barbarizar.

1.14.2005

Onda do caraças!

Anda tudo consternado com a onda que assolou os asiáticos do sudeste, e pelas razões erradas! Toda a gente berra o horror que sente por tamanha injustiça e crueldade da Natureza, ou de Deus. As fotografias da desgraça grassam por esses blogs fora, recheados de comentários coitadificantes e de espanto pela tremenda força que o mar e aTerra demonstraram. Até Deus anda metido ao barulho. Ele, que "mata" todos os dias biliões de pessoas é agora posto em causa porque matou umas míseras 160.000. E não vale lixarem-me a cabeça por escrever "míseras 160.000" porque é exactamente o facto de esse número ser demasiadas vezes debitado, que tira toda a credibilidade aos candidatos a óscar/urso de ouro/palma de ouro (escolher segundo ideologia política) de melhor actor de drama. As pessoas que ficam tristes e correm a anunciar a sua tristeza pela morte de pessoas deviam andar de luto constante e mudos pela irreverência de um Deus que todos os dias faz desaparecer do mapa tanta gente. Esta terra é o melhor espectáculo do Universo e a civilização permite que a bobine corra sem mostrar partes susceptíveis de chocar o grande caos Universal. É essa civilização que tem o dever de entender semelhantes fenómenos compreendendo-os, assimilando-os, evitando tentação de deitar tudo cá para fora antes que nos atinja na nossa existência. Na verdade certos comentários não me parecem mais que tremeliques de quem não quer assumir a própria mortalidade e a transfere para onde é mais fácil transferi-la: um sítio (preferencialmente longe) onde muitas pessoas tenham morrido ao mesmo tempo. África já não é tão utilizada porque este tipo de atitudes é como uma droga e com os povos desse continente, não obstante o craving mais que óbvio, a cena já não bate tanto.
A única lição que se deve tirar de ondas gigantes e outras catástrofes é igual ao que o TóHooligan afirmou numa entrevista há uns anitos:" Porque a gente pá, hoje tá cá e amanhã pode não estar pá. A gaja da foice anda aí pá, e um dia posso estar bem e no outro posso estar cheio de bicho pá. E depois ninguém explica!" Sem dúvida sábio, o Tó sabe que por muitas canas dos nariz que parta, por muito árbitro que desanque e por muito que berre, a Gaja da Foice vai andar semnpre por aí...

Xis Treme

Digam o que disserem o activismo de extrema direita é bem mais estúpido e cego que o activismo de extrema esquerda.

1.05.2005