7.28.2005

Rain

Anuncia-se chuva e eis que o jornal da tarde da RTP1 diz que isso é uma grande desgraça para o país porque esta chuva é uma chuvita que não molha nada e por isso não resolve a seca, e apenas estraga o negócio balnear. Ora acontece que eu estou fartinho destas merdas do jornalismo português. Como não há raptos, assaltos, furacões, tremores de terra e acontecimentos em condições que os saciem vêm-me com estas ridículas notícias. Será que os outros países são assim? Epá, eu começo a desconfiar que sim. Porque se os portugueses formos os únicos que andamos com estas atrasadices mentais, algo está mal na nossa evolução intelectual enquanto povo humano (pleonasmo propositado). Cá para mim os gajos que arranjaram esta notícia ficaram foi agastadíssimos com a possibilidade de os fogos deixarem de "lavrar" (como eles gostam de dizer. Quem precisava de lavrar eram alguns jornalistas com a junta de bois em cima da sua cerviz curvada) e de se acabarem aqueles directos espectaculares de fogo de artifício em que jornalistas burros de vez em quando têm que fugir para não levarem com um peeling compulsivo.

Eu intimamente acho que Deus moveu uns cordelinhos nas placas tectónicas para não haver terramoto de Lisboa outra vez, porque de outro modo não conteria a Sua ira face ao enfastiamento que sofreria por observar as estações de televisão portuguesas a falar de semelhante tragédia. O mundo passaria por um mau bocado.
Já estou a ver:-Estou aqui junto à rotunda do Marquês que não caiu (jornalista emocionada/o) provando a força do povo português!- e depois... Depois imagino os milhões de entrevistas a transeuntes em que a frase "Tratar dos vivos e enterrar os mortos" seria dita (contando com políticos e jornalistas). Qual será o jornalista português que não sonhou dizer isso no próprio país? Os debates. - Senhor engenheiro, acha que o Túnel do Marquês tem condições para ir em frente? Dentro de quantos dias se poderá fazer compras na Baixa? As pessoas do Chiado, terão direito a jogar no Euro milhões sem pagar? -Dias e dias de programas de solidariedade vácua, directos deprimentes não por mostrarem a realidade mas por a moldarem para ter mais lágrimas, mais desgraça, mais triste fado!

No dia em que houver uma grande catástrofe em Portugal, a economia vai por aí acima. Já para não falar da badalada auto-estima dos portugueses (bleããã). Ei, afinal NÓS temos catástrofes tão boas como os outros!

1 comentário:

PedromcdPereira disse...

Tens que lhe mudar as cores.