9.12.2013

Não fui na cantiga


No carro, hoje dei hipótese ao rádio. No rádio ia passar uma dessas bandas que estão um pouco na moda, assumindo que alguma coisa pode estar na moda em Portugal. Os Peixe:Avião. Ora bem, esta banda começa mal, com aquela voz de homem que gostava de ser uma menina: freak, alternativa e cheia de sentimentos imperscrutáveis. Ou perscrutáveis por eleitos, profundos como imagino serem os ouvintes (apreciadores?) da banda Peixe:Avião. Nem vou deambular pelo nome da banda. Surreal ou sem sentido? Parvo será o adjectivo. Parvo de pequenino, de não haver ali cabeça que pense:-"Isto soa estranho e como o objectivo é mesmo esse, àqueles que se depararem com o nosso nome e não forem uma amiba, vão achar-nos umas bestas pretensiosas, que até somos, mas pelo menos cantamos em português." Pelo menos parece.

Uma pessoa escreve peixe no youtube e aparece logo: peixe no forno. Este nome é muito melhor. Peixe no forno alude à cena popular que agora também está na moda como os Diabo na Cruz que até sim senhor.Um alaúde é o que estes peixavião deviam tocar. Com umas collants. Pela voz que têm, é o que devem usar. Bem apertadinhas para lhes apertar os colhões, que é uma banda do Sabugal muito jeitosa que toca punk rock daquele purinho da fonte mesmo.

Os peixavião enfermam do mal de todas as bandas pópróc portuguesas que tive o desprazer de ouvir nos últimos tempos. Vozes de menina agachada a um canto a fazer xixi, e a pretensão intelectual (nem escrevo intelectualóide porque isso dava aqui pano para mangas)com umas guitarradas que tresandam a colagem de cenas de outros países como a américa e a inglaterra. Os Linda Martini, que são um pouco mais antigos, também soam a Sonic Youth às vezes, mas estes são bons. Chegaram a tocar a Scratch the Surface dos Sick of it All o que os iliba para a eternidade de uma crítica má da minha parte, a não ser que façam um álbum de tributo aos blind zero, que como todos sabeis é a pior banda de sempre do mundo e Universo, tendo isto sido confirmado pela Nasa, com um desvio padrão de vários milhões de anos luz.

Estou farto destas bandas de meninas que tentam imitar o estrangeiro. Atentai: um inglês como o Thom Yorke a esganiçar é uma coisa bonita, notando-se ali sentimento e borrifamento para a pose (o gajo até é visgarolho e se calhar não tem outra hipótese). Além disso é inglês e toda a gente sabe que os ingleses têm níveis preocupantes de rotice no sangue. As bandas portuguesas cantam esganiçadas e percebe-se um falsete que envergonha, como se fossem meninas a cantar na festa de natal da escolinha. Isto não tem nada de fofinho, quando depois se vai a ver e é um marmanjo, muitas vezes careca ou com barba a cantar aquilo. Dá vontade de dar uns murros na cabeça do gajo a ver se a voz fica bem, como quando se mandavam murros na televisão para melhorar a imagem.

Mas o pior, pior é essa ideia de que fazer cantigas é falar de sentimentos por metáforas merdosas, eufemismos trambolhos, hipérboles histriónicas ou perífrases cacofónicas. Não, pá.

O que vale é que no rádio tinha o cd com uma das mil compilações caseiras. Quando carreguei estava este som: simples, verdadeiro, bom, reflexivo, perturbador, 100% isento de rotice.

9.08.2013

Fixe, fixe era o Dave Grohl deixar-se de merdas e juntar-se a uma banda para ser o baterista. Só baterista.