6.22.2007

O País dos países dos outros

Portugal é o país dos países dos outros. É o país em que é moda gostar mais de outro país do que de Portugal. A coisa não é de maioria, espero, mas não deixa de ser peculiar e aberrante.

Não falo do desporto que é falar mal de Portugal e compará-lo ao país mais à mão, isto um obrigação patriótica para qualquer português.

6.17.2007

Culpa e o erro

Nesta confusão entre Hamas e Fatah, já morreram 86 pessoas. Claro que os números estão de certeza aquém da realidade. Será que têm contado com os que são mandados das janelas de prédios com mãos e pés atados?

O que me provoca alguma consternação é que ainda não vi ninguém a afirmar que a culpa destes confrontos é de Israel. Demora muito?!

Vigésima Terceira Facada V

Tonitruante Anastácio faz pouco na vida. Este encontro com três dos muitos conhecidos que tem, é pouco mais do que beber vinho aveludado e ir cambaleante para casa. A casa é de G. e a divisão em que se encontram lembra uma sala de operações, tão desinfectada, branquinha alva e decorada com objecto rectilíneos e metalizados. Um bambu. Dois quadros contemporâneamente absurdos. Não é a boçalidade que predomina nos diálogos entre os monologantes, mas quase. " Deixem que vos encha os copos, que até o sol raiar ainda há que chegue. Ah!" F. bebe muito mas fala pouco. É talvez de todos, a quem mais pesa a própria existência, descambando facilmente para a depressividade, auto e hetero comiseração. "As coisas de que gosto mais não as descubro em lugar algum, talvez no dia em que me deixem de doer as costas consiga rachar lenha e encontre algo de novo. Tenho apesar de tudo a sensação que não há lenha suficientemente boa no mundo inteiro que me proporcione um bom trabalho. Quem sabe o mogno..." L. não concorda com tais visões e é um pragmático feliz. Viajou e viaja pelo mundo conhecendo muitas coisas, sem conseguir distinguir o seu próprio pensamento. Faz, e deixa que isso o guie. As suas opiniões têm sempre exemplos práticos, mas é isso mesmo que as torna a maior parte das vezes, mais inválidas. "No Laos comi percevejos fritos, e isso releva indefectivelmente a minha visão sobre a gastronomia, que inclui vegetais. Parece-me que o carvalho pode ser uma boa escolha para o que procuras, F."

Tonitruante trouxe hoje um livro para que se discutisse um dos capítulos. Foi nesse capítulo que descobriram a pista que os levou à concertante notícia. Haviam sido escolhido pelo destino para o dom de só morrerem quando lhes fosse inflingida a facada número 23. Decidem então mudar o assunto com que até aí o capítulo os aborrecia. Tonitruante era o que mais planos fazia " o conhecimento que absorvermos será de uma dimensão tal que conseguiremos algo de novo e bom para o mundo".

A quase eternidade parece elevá-los a uma posição de superioridade, mas a verdade é que apesar de todo o tempo que terão, nenhum deles fará nada de especial. A mediocridade nivelará sempre as suas acções e o reconhecimento virá sempre da amálgama de gente que conhecerão nas suas quase intermináveis vidas. Não por falta de tentativas ou de empenho. Cada um nas suas vocações, mas cada um com os mesmos cérebros e com as mesmas confirmações que por sua vez levam à perpetuação de ideias erradas.

6.15.2007

Os Estrangeiros

Vôos charter têm trazido Holandeses em barda aqui para a Terceira. Contradizendo a proverbial frieza dos povos mais nortenhos, quase todos os casais de velhotes que passam por mim sorriem. Pena que parece o sorriso de quem pensa que está perante um bárbaro imprevisível... "Deixa cá sorrir para este, não vá sacar da sua zarabatana e raptar-nos para nos cozinhar na sua grande panela de ferro".

Caros Lagostas, se me estais a ouvir, podeis deixar de sorrir que eu não vos quero cozinhar.

6.14.2007

Nos últimos tempos

Tenho sido um pouco velhaco para a esquerdalha e comunas, mas há por aí um senhor que tanbém desperta em mim o alarme anti-político. É o sr. Telmo Correia. Aqueles tiques de pitbull, que não o deixam estar descontraído entre restantes seres humanos não CDS's só encontra equivalente (em versão histriónica) na sôdona Odete Santos.

Não é que um político deva ser simpático, mas escusa de suar por todos os poros sempre que o contradizem. Sim, sim, agora até está mais polido porque é candidato à Câmara de Lisboa. Mas tal como ele eu não sou um optimista humanista. Não me parece que mude de um dia para o outro.

Uma vez estavam a fazer uns apanhados aos políticos à entrada da Assembleia. Todos aceitaram a partida com educação (uns mais hipócritas que outros), e só Telmo Correia ameaçou o Bobo. Foi aqui que o senhor entrou para a minha quarentena política. Ameaçar? Eis as hipóteses viáveis que Telmo Correia por incapacidade não ponderou:
1-Se fosse um tipo fixe ria-se e pagava um fino ao tipo da brincadeira.

2-Se fosse um tipo ainda mais fixe mandava-lhe uma boca qualquer que deixasse o tipo com vontade de ir para casa chorar para o colo da mãezinha.

3-Sendo o meu candidato à presidência da República mandava um murro nos dentes ao gajo e dizia-lhe: "agora processa-me que até tens tudo gravado, eh!Eh!Eh!"

4- Fazia uma "paralítica" ao brincalhão, acompanhada de um calduço dizendo: "estás tu" e fugia para a sua bancada rindo que nem um perdido.

Mas nada disto. Apenas uma ameça qualquer... Booooring!

6.10.2007

Malcata

Boas recordações da serra arredondada. E não são só recordações distantes, mas contínuas no tempo até há uns meses atrás em que fiz um trilho com o Poão.

O contacto posso agora mantê-lo pelo blogue da aldeia que dá o nome à serra.

The Call Of Ktulu

É a instrumental mais fixe que conheço.

Futebol e Política

Quem não sabe ser comedido nestes dois assuntos devia dedicar-se à projecção e construção de lagares de azeite. já mete fastio a porcaria que acontece só porque não se tem capacidade de ter vários interesses.

6.07.2007

Para ti garoto

Que passaste por aqui procurando a resposta à pergunta mais metafísica da Ágora blogosférica: "Com quantas negativas posso passar o nono ano". Eis a indicação do Oráculo Zurzeiro: não é o google que te dá a resposta, mas a quantidade de cabritos que os teus pais tiverem dispostos a comprar, e diligentemente oferecer aos professores mais empedernidos.

6.03.2007

É precisa uma purga!

Novo bar. Mesma música de todos os sítios que valem o mesmo: nada. Mesmas pessoas, mesmos putos estúpidos bêbados.

6.01.2007

Vigésima Terceira Facada IV (O Paradigma do Paradoxo)

Lucinda caminhava em direcção ao carro que conduziria até ao Centro Comercial, quando teve uma epifania e uma faca ensanguentada lhe apareceu para lhe dar a notícia: "A partir de hoje és quase imortal. Morrerás só à vigésima terceira facada." Lucinda tremia que nem varas verdes e dirigiu-se imediatamente ao Hospital. De forma bem adequada e sem maluqueiras histriónicas, marcou consulta de Psiquiatria para dali a um mês.

Chegou a casa e ligou a Tânia que lhe apareceu passado pouco tempo, ela sim aos gritos . - Mas não estás a brincar? Uma faca?! Foda-se! Vamos à bruxa da casa 23. Não, 23 não... Vamos à da rua das Milflores. Vamos.
- Não. Vou ao médico, e até lá... Repara, a alucinação não foi tão negativa assim. Quase imortal. AH!Ah!Ah! Vou mas é beber um chá de camomila. - Eu faço-te. E para mim.
A noite decorreu com diálogos bem acesos e ideias bem obscuras em que o jogo do copo apareceu umas quantas vezes. Tânia saiu.

Antes de deitar-se, Lucinda sentiu a curiosidade apoderar-se dela. "Uma facadinha poderia tirar as dúvidas". Num instante está na cozinha com um faca encostada ao peito. "Empurra, empurra, empuuuuuuurra!" Ao fim da quinta facada auto infligida, sentiu-se demasiado bem. Não via sangue correr e a dor era suportável.

Chegou a vigésima segunda facada... A sensação de risco que a brincadeira com a morte obviamente lhe trazia, era boa... Os anos de rotina e marasmo desembocaram numa noite cheia e inédita no mundo inteiro. Ninguém brincara tantas vezes com a morte de forma tão séria e sobrevivera para contar. Será que o limite estava ultrapassado e o preço a pagar era a vida? Que paradoxo! Este seria de futuro o paradigma dos paradoxos.

A vigésima segunda facada estava imparável e aconteceu bem lentamente, como de quem já domina toda a técnica e reacção do corpo, para aproveitar todos os detalhes.

"E a vigésima terceira? Será que é inclusive ou exclusive?"

Lucinda foi encontrada no dia seguinte morta com uma facada no peito. Suicídio foi o veredicto, depressão major, o diagnóstico.

Os Habituais Animais

Ouvem-se já pelas ruas a desvalorizar a não renovação do contrato da Televisão não sei quantos, que até é privada. "Que aquilo não é grave, e que há coisas bem piores do que isso." Realmente, como poderão pessoas que conseguem conviver com uma ideologia responsável pela morte de milhões de pessoas, perceber a gravidade do que se passa na Venezuela?

Este é talvez o único caso em que a moral se consegue imiscuir nas revolucionárias cabecitas para a discussão de casos políticos. Uma estação de televisão é menos do que vidas humanas. Infelizmente, é aqui que termina o raio de acção do seu desenvolvimento moral . Porque a partir deste momento, vai ser sempre mais decadente. Depois das primeiras mortes políticas, ver-se-ão as mesmas cabecitas a dissertar, mas desta vez sem pingo de moral mas imbuídas do politizado e iluminado pensamento da relativização.