5.13.2012

Conflito interior

Leio na Bomba algo de que discordo profundamente. Então antigamente dava-se valor à boa educação e a mesquinhez era socialmente condenada? Como? Antigamente quando? Há dois anos? Percebo a investida contra a tecnologia como contraponto a uma suposta crise de valores. Não há paralelo e ninguém pode salvar a decadência da própria existência mostrando um belíssimo corte de cabelo, por exemplo. Ou melhor, poder até pode, mas a vacuidade do gesto só aprofundará o sofrimento. O erro que se tem cometido ao desvalorizar a evolução moral e emocional das pessoas é também crasso e ignora o contributo das comunidades ocidentais não só no equilíbrio dos patamares morais culturais mundiais, mas também na construção da possibilidade de um individualismo não egocêntrico, uma das grandes conquistas da contemporaneidade, ainda em obras. Pareceu-me que a boa educação a que Charlotte se refere, é o respeitinho. E sei bem que só inadvertidamente o pode ter valorizado. Mas é a ideia que passa. A boa educação tem agora (oh não, vou utilizar a palavra) matizes variados que provém da liberdade das pessoas, valorizando-a ainda mais. E acredito, talvez ingenuamente, que com o tempo a maioria das pessoas converge para uma série de regras de relacionamento, criando inadvertidamente grupos que valorizam os tais diferentes matizes da boa educação. Como pode ser pessimista em relação ao progresso da humanidade e acreditar que um dia a mesquinhez foi socialmente condenada? A mesquinhez acontece com pessoas concretas, sempre aconteceu, sempre vai acontecer. E aqui sim devemos assumir pessimismo em relação ao ser humano. Mas um pessimismo justo que perceba a mesquinhez como confinada a uns quantos, repito, como sempre foi e há-de ser. A percepção da inexorabilidade de algumas características que gostaríamos ver longe de nós leva-nos a contra atacar com as outras, as que consideramos boas e justas. Mas como o fazemos em forma de ataque, fica tudo na mesma. Serve-nos a maturidade para reconhecermos a nossa influência na continuação ou não de certas formas de ser. E afinal, há aqui muito de concordância com o post... Fico feliz por vivermos uma época em que a boa educação é escolhida pelas pessoas e não imposta por comunidades de forquilhas e estadulhos (ainda que metafóricos) nas mãos. Já quanto à desonestidade e com a Justiça no Estado em que está, podemos sempre aproveitar para reforçar o Direito Natural e esperar que as pessoas passem a cumprir com as regras de sã convivência segundo princípios próprios, construídos autonomamente, sem ser pelo medo da reprimenda... Brincadeira. Mais uma vez, concordo com o post. Há aqui um problema de justiça e nenhuma sociedade poderá equilibrar convenientemente o desenvolvimento moral sem um sistema de justiça coeso e coerente.

Sem comentários: