4.02.2012

Um poço em todos os lugares

Há uns tempos, Charlotte explicou, numa acesa discussão bloguística, porque é que um livro não muda a vida de ninguém. Aproveitando a concordância, direi que um álbum musical ou um concerto também não mudam vida nenhuma. Talvez suportem algumas descobertas, acompanhem estados de espírito e enriqueçam a integração nas coisas humanas. Porventura ajudarão a sublinhar conclusões ou darão algum conforto emocional. Não é pouco, mas não é mudar a vida.

Ontem, o concerto de Lanegan foi sensacional. Em forma, com uma voz tão cavernosa e espinhosamente límpida que nos levou às profundezas do poço que teima em chamar alguns de nós aonde quer que vamos. Um tormenta agradável, inevitável, que nos arrebanha para o meio da desgraça sem enganos. Ao mesmo tempo perceber que tudo está bem. Em amena conversa com o guitarrista, a quem pagámos uma cerveja fresca, confirmei os mais de quatro anos que Lanegan se mantém fora de vícios.

Tudo acaba melhor quando aperto a mão ao Mark Lanegan, lhe agradeço o concerto, e não se lhe vislumbra enfado.

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