A ambivalência da consciência colectiva do povo português é das coisas mais divertidas que se podem observar. Enquanto povo avaliador somos para lá de benévolos com algumas coisas e irracionalmente negativos com outras. Quantas vezes não tentámos convencer alguém de que o vinho, azeite ou cerveja produzidos em Portugal são os melhores do mundo?! Atente-se que só pelo facto de entre os três produtos mais referidos fazerem parte duas bebidas alcoólicas, temos um indicador que não podemos desprezar. É provável que parte das pessoas que fazem este esforço de sobrevalorização esteja sob o efeito de uma das melhores bebedeiras do mundo. Mas a sobrevalorização que mais me diverte, porque é transversal a todos os estratos sociais, meios políticos e de comunicação social (tal qual a incidência do HIV) é o da Selecção Nacional. Não há bando de coxos mais valorizados no mundo. Estou em crer que se Charles Dickens saísse da tumba e decidisse passear por Portugal, ficaria satisfeito pela forma como os coxos e aleijados outrora ostracizados e portadores de grande sofrimento, que retratou nos seus contos da época vitoriana, são agora acarinhados e elevados a heróis enquanto chutam uma bola ao acaso dentro de um rectângulo de relva.
Todos os Domingos
4.13.2009
Parte do que escrevi para este Domingo no Diário Insular
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4 comentários:
Parabéns, está fantástico.
Abraço
Thanks man!
Foda-se, já escreves no Insular?
Espectacular :p
Thanks again.
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