Penso que foi no good old Fisga que falei pela primeira vez da minha estupefacção perante os intelectuais. Volto agora ao assunto por questão bem prosaica. O problema da intelectualização das coisas é que se tira a piada a uma vivência que se quer proporcional à nossa hilariante existência. Grassam como ervas daninhas (grass - erva. ãH? Até está bem apanhada)filósofos e técnicos acreditados por tudo quanto é sítio. E a Terra tem muitos sítios! A forma séria como certas amibas relatam o inferior mundo que as rodeia, acrescenta piada ao meu mundo, é certo, mas há coisas que me estão a ser roubadas.
As telenovelas, por exemplo, eram despretensiosas e tinham como objectivo entreter. Para isso adaptavam obras que já tinham provado ser eficazes a entreter, ou então desenhavam personagens fáceis com quem se empatizava ao primeiro tremer de pulseiras de ouro, com uma punchline do tipo: " estou certo ou estou errado?!". Agora a telenovela é habitada por tipas boas sem o fogo da Tieta, mas com o atrevimento da Cicciolina. Claro que no meio do avanço sexualmente quase explícito, aparece um diálogo vomitável de moralista, acerca do sexo seguro (Bento XVI, representa aí man).
Agora as telenovelas querem também educar. Detrás (sem a preposição que isto é assunto sério) daqueles cenários vivem chatos que estão sempre à espera de verter a sua sabedoria para educar o povo que não sabe. Tudo com um desplante confrangedor de tão artificial . "Você sabi qui não podji estar no sóu sem protectô solá, num sabi?". Isto para falar de telenovelas brasileiras, outras não conheço que não tenho tempo. No fundo, para tristeza minha, já há alguns anos que não vejo novelas. Não porque ache que sejam pouco desafiadoras do meu intelecto, mas porque não estou para me cansar com desafios político-existenciais de produtores de novelas.
4.30.2009
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