5.29.2008

Vamos deixar de ter peixe fresco, depois de ter constado que íamos deixar de ter arroz

Infelizmente estas mentirinhas só me preocupam, em vez de me tranquilizarem face á límpida estupidez mundana. É a história batida, rebatida e voltada a contar a cada leve indício de alegoria possível: "O Pedro e o lobo". Há-de haver um dia em que ninguém se vai importar. Nesse dia estaremos todos a ir pela sarjeta abaixo.

5.25.2008

Começou a seca da selecção


Hoje, uma reportagem da Sic foi a uma terreola a 15 kms de Viseu perguntar às pessoas porque é que não têm bandeiras de Portugal nas janelas.

5.22.2008

A vida não é certa

Mas se perguntarem a cem pessoas para se definirem, muitas delas vão de certeza falar da sua transparência, sinceridade, frontalidade... Basicamente características que implicam atacar o outro sem a sensação de culpa, e que por sua vez não gostam ver nos outros.

As pessoas são, em geral, coisas das quais nos devemos manter afastados.

5.16.2008

Os ideais e as cobardias

Correndo o risco de atafulhar este espaço com coisas más em relação às pessoas em geral e a mim em particular, fiquei satisfeito e decidi continuar a fazê-lo.

A ideologia política é para mim perigosa e a maior parte das vezes inane porque embora admita que tenho pouco conhecimento dela, olho à volta e vejo que a maioria dos que lidam ou pretendem vir a lidar directamente com a política não fazem a mínima ideia de que estamos no século XXI. As ideias base de organização social, legal, económica, educacional baseiam-se não só no que o próprio umbigo regurgita, aventando ideias conforme aquilo de que individualmente poderá benficiar, ou então baseando-se em pensamentos repetidos até à náusea e ao absurdo desde 1789, 1910, 1918, 1932,1936, 1974 (riscar o que não interessa). Com estes, no entanto, é fácil lidar, e quando os vejo na tv não há frase debitada que não se consiga ensinar uma criança de 6 anos a desconstruir. O pensamento do Carvalho da Silva, por exemplo, é tão complexo como o da sopa que vou comer ao almoço.

O pior são os espertalhões. Os espertalhões lêem um ou dois parágrafos interessantes e tratam de os assumir como a sua base política. No entanto lá no fundo,não pensam pôr aquilo em prática se algum dia tiverem o poder para tal... Aqui entra Passos Coelho, com um discurso deveras animador e diferente do resto da caravana social democrata, mas que sabemos bem que não passa disso mesmo: discurso animador. Ora vejamos quem é o mandatário nacional para a sua candidatura: Fernando Ruas. Terei que dizer mais alguma coisa? Se não fosse este, os restantes apoiantes da sua candidatura (em que se inclui Menezes)tratariam de refrear os ânimos de Passos Coelho (caso este seja genuíno)se por um cataclismo por ninguém desejado, chegasse a primeiro-ministro nas próximas legislativas. "Você disse que queria privatizar a CGD? Ah veja lá bem... Essas coisas em Portugal não dão certo. É preciso atender às idiossincrasias do país"

5.13.2008

Aproximai-vos que vou fazer um link!

O blog Fragmentos de Tracey começa bem com uma escolha de filmes do lado direito, que do alto da minha ignorância fílmica aprovo porque gostei de os ver. O último que vi, "We own the night", é do catano. Os outros foram todos muito bons de ver. Sem mais. Qual fotografia, elenco ou perspectiva... A história é boa? Os actores também? Óptimo.

Só não vi o "Fragmentos de Tracey". O tempo urgia e não podíamos ver tudo ao mesmo tempo. Calhou ser o "Luz silenciosa". E do que vos safastes agora! Por pouco não escrevi um trocadilho que me apareceu na cabeça assim que pensei no título do filme e de como poderia conjugar isso com a luz do cinema ou coisa que o valha... Que sorte.

Aqui encontrareis críticas a filmes, mais coerentes do que esta que aqui tentei. Ide lá.

5.11.2008

Conceptualmente atascados

O pensamento livre não deveria ser unicamente sinónimo de poder dizer parvoíces, de pensar em ideologias políticas bizarras, ou de poder ter ideias para revolucionar o mundo.

Animados do objectivo de discutir grandes causas, por vezes esquecemos que ainda não ultrapassámos os patamares básicos de pensamento e ainda não desenriçámos o novelo de conceitos que aceitámos unilateralmente como verdadeiros e totais. Por outro lado, estmos sempre dispostos a pôr em causa os conceitos mais largamente aceites como válidos, quer digam respeito a religião, à sociedade ou ao Universo. Por absurdo, parece ser mais fácil pôr em causa uma forma de organização da sociedade do que o conceito de soap opera, qualquer que seja a sua forma primordial.

Isto porque depois de uma discussão com dois amigos, sobre se poderíamos ou não definir a "série" Lost como uma telenovela (e porque não uma soap opera, uma vez que são praticamente sinónimos) fui acusado de pôr tudo em causa pelo simples facto de considerá-la, pela estrutura, uma telenovela contemporânea. Há obviamente um constrangimento risível em admitir que se gosta de uma telenovela, mas a vergonha da cultura popular que cada um de nós carrega é suficientemente conhecida, e não surpreende.

Mas afinal há outros que como eu põem tudo em causa e, pasme-se, até ponderam incluir a "série" Lost na lista de "Soap Operas", revolucionando a minha assustada contribuição para a considerar um simples telenovela.

5.08.2008

Apregoar

É quase sempre feio apregoar. Mais feio, quanto mais veemente e pessoal é o pregão.
As desfasagens entre desenvolvimento emocional e intelectual notam-se muito bem em quem, sem noção dos que tem à sua volta, faz alarde do que julga serem excepcionais capacidades. Como se notam as desfasagens? Uma criança faz naturalmente questão em mostrar as suas habilidades e fá-lo por uma necessidade de reconhecimento do mundo que conhece, para se sentir integrada e para perceber qual o caminho certo de aprendizagem intelectual. Fá-lo de forma desinibida, honesta e directa.
Um adulto que tem exactamente esta mesma necessidade de reconhecimento, já não julga que exista a necessidade de encontrar um caminho de aprendizagem. Pelo contrário, apesar de querer o reconhecimento quase à força, o caminho da aprendizagem é tido como certo e o que se quer agora é uma superiorização, uma imposição de formas de aprendizagem ou de interacção, ainda que profundamente erradas.
Aproveitando o desenvolvimento intelectual que adquiriu com o tempo, pode agora alardear as suas habilidades de forma velada, indirecta mas sempre objectiva. Tão objectiva que a dissimulação não passa de grotesca máscara sobre um discurso infantil com palavras mais evoluídas.

5.04.2008

Propriedade e fobia intelectual

Mais um dos problemas das pessoas que cataloguei como comum ao longo dos encontros que tenho tido ao longo da vida, é o medo de partilhar mísero conhecimento intelectual e/ou cultural. As pessoas que têm pouco, à partida têm dificuldade em partilhar o pouco que têm. E realmente é cruel pedir a um sem abrigo que partilhe a sua côdea de pão. Não falo de propriedade física, nem de avareza ou de medo de invasão de privacidade, mas sim de pânico que se ultrapassem certos patamares rasteiros de conhecimento.