7.05.2010

Os mitos

Os alemães frios. Não vi frieza nenhuma no discurso daquele alemão que antes do jogo contra a Argentina se referiu aos argentinos como demasiado emotivos, por serem sul americanos, e que eles, alemães, iriam usar a sua racionalidade para os surpreender. Isto é barbarismo futebolístico do mais emotivo que há. Eu também os vejo em campo a berrar, correr e festejar os golos. Essa da frieza nórdica é um dos estapafúrdios mitos talvez adubados pelos próprios, por terem sido considerados, por tantos séculos, como os animais do norte. Sim, os romanos, já com água quente e sanitas em Roma, olhavam para os loiros de olhos azuis com o desdém que alguns agora usam para olhar para indivíduos de tez mais escura. Mudam-se os tempos, mantêm-se os complexos.

E no futebol? Depois da cínica Itália, agora parece que há alguns a chamar calculista e frio ao futebol alemão. Eu cá não vi nada disso. Vi bom futebol, verdadeiro e bonito jogo de equipa, raro neste Mundial, acompanhado de zeradas, sempre agradáveis de contar. Aqueles sprints, diagonais, passes e remates para o sítio onde está o mocho são o papel químico da alegria que vai na alma dos jogadores alemães. Ainda estou pela Holanda, mas os alemães começam a dar-me luta...

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