"Temos pouca cultura liberal entre nós. Liberal à moda antiga. Liberal, de liberdades, de autonomia, de independência e de individualismo. Queremos que a nossa opinião seja logo adoptada como a opinião; ou que a opinião dominante seja tão dominante que nem se dê ao trabalho de ir a debate. Temos medo de ficar do lado da opinião minoritária, do outro lado do poder – de onde vêm benefícios e vantagens. Tememos quem manda. O único horizonte de salvação é o Estado – para funcionários, para necessitados, mas também para empresários, que suplicam favores e facilidades. Por isso, o Estado tem sempre razão em nomes de todos nós («O Estado somos nós.»). Temos medo da palavra indivíduo – a maioria acha que o indivíduo (um luxo suspeito) não vale nada e que deve sujeitar-se ao colectivo, sacrificar-se em nome de todos. A nossa desgraça é precisamente essa."
Francisco José Viegas, que me ensinou, com Jaime Ramos, os Ramón Allones.
11.08.2009
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