2.26.2009

Porque é que é bom ler os clássicos

Houve uma indignação geral com a indignação dos que fizeram queixa à PSP por causa da capa do livro com a imagem de "A Origem do Mundo" de Gustave Courbet. Pessoas que vivem num mundo em que toda a gente devia estar, como uma espécie de obrigação, "sexualmente resolvida". Pois tenho mais medo destas criaturas controleiras do desejo alheio e da forma atabalhoada como é vivido e se exprime do que das outras, que tapam os olhos ou riem descontroladamente perante a imagem. Vivo melhor com as fragilidades dos confusos e aterrados pais e mães de família naquela feira do livro do que com as certezas de sopeiras citadinas, que, bem vistas as coisas, nunca deram uma para a caixa, embora estejam muito convencidas da sua competência. Venham as mães de Braga. Vai tudo para a depilação. Mas venham. À vontade.

O problema com o cincazero do sporting

Tem que ver com uma única coisa. Os gajos do Bayern estiveram a estudar o clássico scp - SLB. Como o sporting ganhou, os gajos pensaram:"Temos que dar o máximo. Uma equipa que ganha ao Benfica tem pelo menos 70% do valor desse colosso."

Outro dos meus problemas

É a moda que p'raí anda de barbas. Muito graças a este Baptista (não és tu Batista, é outro. esta tinha que sair um dia), mais os profetas e os Patricks Jeans. É que agora eu, um gajo que já usava barba antes de ter pêlos faciais, tem que abusar para continuar a ter estilo. O estilo Abominável.

2.20.2009

Estes romanos são doidos

Uma vez o Panoramix foi apanhado pelos romanos, enquanto apanhava visco (com a foice de oiro) para preparar a poção mágica. Os romanos queriam saber como se preparava a poção da invencibilidade. O Astérix foi lá salvá-lo mas ambos acharam que podiam divertir-se um pedacinho... Então Panoramix inventou uma data de ingredientes exóticos que, juntamente com Astérix, comia para de seguida mandar buscar mais aos pobres soldados que corriam meio mundo para os obter. Mas já me estou a alongar numa história que não é minha... Preparada a poção falsa, o centurião foi obviamente o primeiro a provar. Os olhos brilhavam quando levou a colher à boca: "Já sinto o poder, uma força indomável" gritou o pobre. Então, tentou levantar um pedregulho enorme, e não conseguiu. "Exagerei" pensou. De seguida tentou um tronco de árvore, e falhou - "demasiado grande." Por fim pegou numa pedrazita de nada e ergueu-a no ar orgulhoso: "cá está, sou invencível!" Depressa percebeu o engodo, mas a cena triste estava deploravelmente feita, e à frente de todo o acampamento que dele dependia.

Em Portugal e falando de futebol, tentou-se o campeonato do mundo - "equipas muito fortes: Argentina, Brasil". De seguida o campeonato da Europa - "ainda muito difícil: Grécia". Mas Portugal encontra milagrosamente a sua pedrazeca, na forma de padrecos, mas nem assim a consegue levantar orgulhosamente. Triste sina a de um país cuja imprensa anuncia a derrota de uma equipa de futsal de padres, ainda por cima com a Polónia.

2.13.2009

Rearviewmirror

A bosta do espeto de pau em casa de ferreiro. Olhar para trás e sentir que perdi coisas, quando sei que só o facto de ter havido ganhos pode gerar tal sensação. Que até agora, os sentimentos saudosistas podem ser transformados em coisas boas. No fundo a comoção é movimento interior...

E isto tudo porque ouvi umas músicas de há dez anos. Good grief, já me lembro de coisas de há dez anos!

2.11.2009

Momento conservador

Qual a dificuldade em perceber que uma família tradicional é mais eficaz a criar um núcleo familiar eficiente, coeso e resiliente do que os outros tipos de organização familiar? Qual a dificuldade em perceber que a sociedade tem a perder com a constante alteração das suas regras? Claro que cada um deve fazer o que bem entende, não ponho dúvidas a isso e não tenho nada contra uniões de facto entre homossexuais, por exemplo. Mas porque é que continuam a ser as questões que interessam a esquerda, aquelas que são mais despiciendas? Porque não se discutem formas de solidificar o conceito familiar tradicional que prova ser mais eficaz? Porque resiste o Estado em intervir e legislar onde devia dar lugar ao livre arbítrio já de si implementado, ao invés de incentivar direcções sem as impôr? Que cada um se organize como quer, mas que o Estado se preocupe primeiro em assegurar a estabilidade e depois apoie os quejandos. Não se trata de ideologia, mas sim de suportar a sociedade. Trata-se de desfazer os mitos fantasistas das famílias monoparentais e reestruturadas. Trata-se de prevenir rupturas familiares e não de viver num mundo imaginário em que tudo é possível com muito amor. Trata-se de perceber não há milagres. Que o amor é o bem mais valioso de qualquer família, mas que por vezes precisa de trabalho extra. Que não é tudo como nas novelas em que o facilitismo emocional é igual a satisfação garantida. Que o conceito de adulto se esfuma a cada vez que o Estado insiste em ser a tia que dá um chocolatinho à socapa ao sobrinho malandro, para que ele se cale um bocadinho.

E conseguir isto sem entrar na treta habitual da pergunta retórica: "o que é uma família tradicional?" Porque toda a gente sabe o que é.

2.10.2009

Página 161 não havia

A Ritinha passou-me um desafio daqueles de rede. Apesar de nunca me terem feito tal desafio, não costumo responder.
Mas como por sorte já acabei aquele livro da colecção Arlequin (ontem) não há problema de ter de transcrever coisas escabrosas. Por outro lado, Joyce também fez aqui alguma pressão para que respondesse positivamente.
O livro que tinha mais à mão era o Civil Desobedience and other essays do Thoreau, mas como é um livro de 90 páginas, passei ao outro que é o Demónios do Dostoiévski. Cá vai:

"Stepan Trofímovitch foi o primeiro a ver Dacha, corou, fez um movimento rápido e, sabe-se lá porquê, clamou em alta voz: «Dária Pávlovna!», o que levou todos os presentes a virar-se e a olhar para ela."

Agora é passar a outros cinco não é? Então... 'Tás tu!

Mono

Tracey

Bala

Noval

Pedro (aposto que vai voltar a escrever no blogue devido a este pedido de alguém tão influente na sua vida)

2.08.2009

Parece que é hoje que o Benfica defronta um valoroso grémio regional

Fala-se da rivalidade Porto-Benfica. É falso: não mantemos rivalidade com valorosos grémios regionais, ainda que conhecidos nos tribunais da UEFA que julgam casos de suborno. Os nossos rivais pertencem à Commonwealth ( Manchester, Liverpool) , à Zollverein ( Bayern), ou à Hispânia ( Barça, Real Madrid). Nada de confusões.

A política é mesmo (muito) traiçoeira

Francisco Louçã falou de uns coelhos que produziam mais coelhos, ao contrários de notas de cem euros que juntas numa cova não produziriam mais notas. E os coelhos teriam de ser um casal. De sexo diferente não é Louçã? Porque se fosse um casal de coelhos do mesmo sexo, é o mesmo que pôr duas notas de cem juntas certo? Nada, não produzem.

Gostava de cantar esta música lá na terra que eles dizem que é deles, para ver se se irritavam. Grande malhão, este.




Aqueles operários portugueses que foram contratados para trabalhar lá também deviam aprender estas lyrics, para os bifes ficarem ainda mais fulos.

2.04.2009

Infinito

Sim, já perdi tempo a ver esse canal. O programa da beatificação do Salvador Allende, ou o da diabolização da CIA, são clássicos de aturada investigação jornalística deste canal da américa latina perfeitamente enquadrado na sociedade portuguesa.
Foi há pouco tempo, no entanto, que vi a verdadeira pérola do canal Infinito. Uma reportagem investigava o mito dos estrumpfes assassinos. Nem mais. No México houve um mito urbano em que crianças com bonecos estrumpfes no quarto eram sufocadas durante a noite. Um homem alto e espadaúdo confirmou para as câmaras: "Uma noite senti-me a sufocar e acordei. Quando acendi a luz o meu boneco azul tinha mudado de lugar." Não faltaram outros testemunhos a confirmar a malvadez dos bonecos que haviam sido produzidos e criados onde? Na América claro! Mas haverá outro sítio no mundo onde se faça tanto mal?
Sem ridicularizarem a questão (como é isto posssível eu não sei) os jornalistas fizeram a tal ligação aos USA e daí a historietas de pedofilia e perversão moral por parte dos bonecos, foi um pequeno mas absurdo passo. Segundo o salafrário narrador, o estrumpfe velho e vermelho devia ser o pedófilo e que o bruxo mau é que era o bom porque representava a moral ("vestia como um monge" disse seriamente um jornalista) que o autor dos bonecos queria subverter para conspurcar as criancinhas indefesas do México.
Isto é tudo muito engraçado, mas mais engraçado é saber que é o mesmo canal que beatifica o Salvador Allende, diaboliza os EUA e alimenta as mais fantasiosas teorias da conspiração que se ouvem da boca de pessoas crescidas, neste país.