Olho para o início deste ano a partir do fim em que me encontro e apercebo-me alegremente que tenho mais uma resma de inimigos. É certo que não passa de canalha sem grande valor, mas ainda sou novo e os ódios que espero granjear no ano que vem deverão subir de qualidade. Como li algures: se no dia em que morrer não houver ninguém com uma vontade genuína de escarrar no meu caixão, então a minha vida terá sido vazia (não era literalmente isto mas muito parecido). Estes inimigos que ganhei foram conseguidos com trabalho árduo, pois felizmente nenhum foi ganho à porrada (esses nem deveriam contar) mas sim no acto de lançar o verbo.
Eu acredito que não se deve dizer tudo o que nos apetece e quando nos dá na vena, porque a "frontalidade/sinceridade/eu o que tenho a dizer digo na frente" são por si expressões normalmente utilizadas por quem nem no íntimo consegue ser honesto, servindo-se destas mesmas expressões para desculpar alarvidades que se dizem sem pensar e sem ter em conta que o que está a ouvir é um ser humano e não um caixote do lixo. Por isso o homem civilizado tem formas de lidar em sociedade que lhe permitem não andar sempre em conflito (provavelmente foi a época dos duelos que permitiu tal evolução), como o sorriso que é o maior organizador mental desde o nascimento e que hoje é amplamente utilizado com o fim de não criar guerras estapafúrdias entre as pessoas. Vejamos: Um tipo não gosta da forma como o outro tipo se veste. Por coincidência esse tipo é amigo da namorada (acho que estou a exagerar), que uma noite decide apresentar um ao outro.
hipótese 1:
- Este é o X. X este é o Y.
- Boa noite. Eu como o que tenho a dizer digo na frente, cá vai: não gosto das putas das tuas calças e acho que te vestes como um neandertal atrasado mental!
- Eu, além disso acho que devias tirar de uma vez por todas o cadáver que tens na boca, porque pelo cheiro já aí está há meses!
-Olha, vai pó caralho!
-Vai tu palhaço de merda!- Grande confusão e porrada sem necessidade. À conta disto estraga-se uma noite...
hipótese 2:
-Este é o X. X este é o Y.
-Boa noite tudo bem?
-Olá como estás?
-A beber uns copos...
-Hoje isto tá fixe...
(Silêncio)
O gajo que veste mal, constrangido, vai embora.
Isto tudo para dizer que há arte em fazer inimigos (homessa! Também já vi isto em algum lado). Não é de qualquer maneira. Deve ser com atitudes coerentes (incoerentes para irritar ainda mais) discursos o mais cordatos possível, e com a noção perfeita de que a liberdade de pensamento permite-nos ir aos confins da argumentação. O inimigo fica aquele que, não acompanhando, desiste e entra no insulto. Aí sim, está ganho!
12.30.2004
Discutir (ancient mescla post)
Há vários tipos de discussões. Mais importante que isso é o facto de haver diversos tipos de pessoas que alteram a positividade de uma boa discussão. Toda a gente gosta de confirmar aquilo que pensa acerca de determinado assunto, principalmente se conseguir que o interlocutor mude a sua opinião a nosso favor. É claro. As mais interessantes discussões acontecem quando os dois (discussão tipo a que me refiro) intervenientes: são aguerridos(sem ser agressivos ou violentos), são bem informados, resistem á apresentação de galardões, conseguem clarificar os seua argumentos e percebem quando não têm razão. Este último ponto é obviamente o mais terrível já que é difícil admitir um erro ou informação errónea. O mais difícil, no entanto , é apresentar irrefutavel e insofismavelmente uma ideia e/ou pensamento. Quando conseguimos essa proeza podem acontecer várias coisas : sair imediatamente da política; ganhar um prémio nobel; levar um tiro; conseguir que o garoto vá para a cama; acalmar o ego do interlocutor e pô-lo a falar de futebol e assistir á forma ridícula como este tenta sair por cima; o interlocutor percebe de que lado está a razão e segue para o próximo patamar da discussão (impecável!)
12.23.2004
Dâtál!
É Natal! É Natal!
Todos tocam piano
E depois do Natal
Chega o fim do Ano!
(cantado com a música do Jingle Bells)
Todos tocam piano
E depois do Natal
Chega o fim do Ano!
(cantado com a música do Jingle Bells)
Feministas
Não curto feministas que não são lésbicas. Sim, porque uma feminista lésbica, renuncia ao domínio do macho e vive a sua vida à vontade com as companheiras femininas sem chatear. Uma feminista hetero é muito perigosa e má. Explico: as feministas hetero que conheço tratam mal, com distância e indeferença o seu homem, provando desta forma (pensam elas) que não precisam do homem para nada dando a ideia que só querem é sexo. Isto não seria nada mau se não fossem muitíssimo possessivas. Sempre que o homem desvia o olhar para uma menina mais engraçada fazem peixeirada. Sim, peixeirada! Não basta uma discreta observação com o intuito de que da próxima vez o olhar seja ainda mais discreto. Pois é, as feministas hetero são machistas mas sem pénis e com mamas.
Gozam com o homem porque sujou as calças, ou porque não sabe fazer bolos, ou porque lavou a sua camisola de lã em lixívia pura, deitou skip para engrossar um molho, enfim, a versão feminina do machismo mais troglodita. Gostam muito de ser, não maternalistas, mas sim Paternalistas em relação ao homem o que só confirma a minha convicção de que são machistas sem pila: "...Coitado, hoje se não fosse eu levava aquele casaco todo sujo à entrevista, já viram meninas?Os homens... Ih, Ih, Ih!" Isto na versão masculina seria: "Epá, hoje a minha mulher ia para o trabalho com o carro com um pneu em baixo, lixou a jante toda! As mulheres... AH! AH! AH! Por isso cuidado, machismo é mau mas feminismo é pior, para inferno é melhor ganhá-lo na má vida e não a aturar enfadonhas mulheres.
Gozam com o homem porque sujou as calças, ou porque não sabe fazer bolos, ou porque lavou a sua camisola de lã em lixívia pura, deitou skip para engrossar um molho, enfim, a versão feminina do machismo mais troglodita. Gostam muito de ser, não maternalistas, mas sim Paternalistas em relação ao homem o que só confirma a minha convicção de que são machistas sem pila: "...Coitado, hoje se não fosse eu levava aquele casaco todo sujo à entrevista, já viram meninas?Os homens... Ih, Ih, Ih!" Isto na versão masculina seria: "Epá, hoje a minha mulher ia para o trabalho com o carro com um pneu em baixo, lixou a jante toda! As mulheres... AH! AH! AH! Por isso cuidado, machismo é mau mas feminismo é pior, para inferno é melhor ganhá-lo na má vida e não a aturar enfadonhas mulheres.
12.13.2004
Desprezo
Acho incrível que nos dias do século XXI ainda haja pessoas que caem na asneira de demonstrar o seu humanismo sob a forma de compaixão. Isto acontece principalmente quando certos elitistas citadinos se dirigem para as zonas dos pacóvios (segundo as descrições deles é a ideia com que se fica das pessoas do interior), e falam com grande alegria do senhor José Pacóvio e da forma como este lhe serviu um copinho de vinho à lareira e como foi engraçado ver ao vivo os engraçados costumes da gente da pacóvia terra. Tal como o explorador observa os animais no seu quotidiano, estes palonços da cidade observam os pacóvios da aldeia e acham giro. Eu achava giro se um desses desejosos de contacto com a pureza humana (com pacóvio da aldeia), desse de caras com o Ti Zé da Horta da minha terra. Aqui vai um possível episódio:
O Ti Zé da Horta dirige-se para a horta com a enxada ás costas enquanto o sr. doutor armado em antropólogo da cidade o interpela com um sorriso condescendente nos lábios.
- Bom dia! A tratar das couves não é?
-Bom dia... Não, tratar das batatas.
-Ah! Muito bem, e são boas as suas?
-Sei lá! Vá lá ver você!
- Até vou.
-Venha de lá então homem.
Obviamente o palonço da cidade estaria, em menos de um fósforo a sachar batatas todo contente, porque estava em contacto com a natureza. Enquanto isso beberia uma intragável zurrapa ( da mais rasca que o Ti Zé da Horta não é de borlas), e ainda guardaria essa memória com agrado para contar aos seus amigos da cidade. Com sorte levava um pontapé no rabo e com um estadulho na cabeça, quando a pouca paciência do Ti Zé da Horta chegasse ao fim.
Homens nobres e broncos há-os de todas as classes e o Ti Zé da Horta como nobre que é não gosta que os broncos se comportem com ele como se fossem superiores, porque na realidade ele sabe o que vale, não precisa que lhe ofereçam conversa de chacha valorizando-o.
O Ti Zé da Horta dirige-se para a horta com a enxada ás costas enquanto o sr. doutor armado em antropólogo da cidade o interpela com um sorriso condescendente nos lábios.
- Bom dia! A tratar das couves não é?
-Bom dia... Não, tratar das batatas.
-Ah! Muito bem, e são boas as suas?
-Sei lá! Vá lá ver você!
- Até vou.
-Venha de lá então homem.
Obviamente o palonço da cidade estaria, em menos de um fósforo a sachar batatas todo contente, porque estava em contacto com a natureza. Enquanto isso beberia uma intragável zurrapa ( da mais rasca que o Ti Zé da Horta não é de borlas), e ainda guardaria essa memória com agrado para contar aos seus amigos da cidade. Com sorte levava um pontapé no rabo e com um estadulho na cabeça, quando a pouca paciência do Ti Zé da Horta chegasse ao fim.
Homens nobres e broncos há-os de todas as classes e o Ti Zé da Horta como nobre que é não gosta que os broncos se comportem com ele como se fossem superiores, porque na realidade ele sabe o que vale, não precisa que lhe ofereçam conversa de chacha valorizando-o.
12.01.2004
Aaaah... A Pátria
No dia 1 de Dezembro de 1640 uns malucos decidiram que não pagavam mais impostos a Castela. Achavam que com um rei amigo e Português, seriam eles a usufruir dos impostos que a populaça e outros pagassem. Se assim pensaram, melhor o fizeram, e toca de matar uns traidores, deitar condessas de altos varandins e o outras desventuras assaz divertidas. Eu penso que fizeram bem. Quem é que não se lembra do ar divertido com que a professora primária nos contava as peripécias desse bonito dia? É bem verdade que as vantagens económicas para parte do país não são assim tão visíveis(eu olho aqui para o lado e vejo os vizinhos, que levaram no toutiço em Aljubarrota, a viverem bem melhor que eu. Isso ás vezes deixa-me confuso...) e se é verdade que deixámos de prestar vassalagem a Madrid para passar a prestar vassalagem a Lisboa ( e ter que aturar alguns do Porto em vez de aturar os de barcelona), as vantagens políticas são muitas. Já não temos rei! Eh! O que só por si já é bom. Não temos terroristas a reivindicarem o fim da ocupação porque aqui a única ocupação que há é a dos pombos. Temos a Guarda Nacional Republicana! Carai! Para não falar na nossa Língua oficial e que é melhor do que a Castelhana(Txxii, que comentário velhaco)! Além disso fazemos muita pirraça aos bascos, catalães e galegos que nunca se conseguiram livrar dos daquele sítio onde vendem caramelos.
Por isso rapaziada, sem nacionalismos ou patriotismos bacocos vamos todos ficar contentes por Portugal.
Por isso rapaziada, sem nacionalismos ou patriotismos bacocos vamos todos ficar contentes por Portugal.
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