9.29.2007

Chovia

Chovia por todos os poros daquele ambiente carregado de humidade, tornando a utilização da expressão "estou encharcado" um pleonasmo.

9.28.2007

E eu com um aqui à porta de casa...



(Monte Brasil, formado da mesma forma que o vulcão dos Capelinhos, mas mais antigo. Aaah mais antigo!'Tá bem assim pode ser. Por outro lado...Adormecido ou extinto? É que...)

9.25.2007

Aviso


A melhor série policial de sempre tem dado todos os dias às 19:30 (menos uma hora nos Açores)na RTP Memória.

9.23.2007

Vigésima Terceira facada VI

Enquanto as sementes saltavam na peneira, o sol se punha e as gralha anunciavam o fim do dia, J. organizava o seu dia seguinte com a destreza de quem já o faz há seis anos,com a alegria de um abelharuco atrás da primeira abelha. Ou a angústia do abelharuco que tenta apanhar a sua primeira abelha? Terminada a separação do trigo do joio, J. dirige-se a casa come e dorme. Espera ainda desde o dia em que decidiu mudar-se para esta aldeia deserta pela mulher que o destino lhe vai dar, como no sonho que teve na noite em que se deitou às oito da noite. Agora deita-se sempre às oito da noite mas nunca mais teve o mesmo sonho que lhe deu a razão para abandonar a existência feliz que tinha, considerando os relacionamentos que tibha e mantinha. Nunca fora um rebelde, e a explicação para esta atitude que tomara não tinha explicação no mundo real que J. sempre aceitara e por cujas regras sempre se tinha regido com agrado.
Meteu-se no carro, levantou todo o dinheiro e parou na primeira aldeia que instintivamente lhe indicou ser a certa. Entretanto participou nos dois últimos enterros da aldeia, um casal de velhotes simplesmente simpáticos e com quem manteve uma ligação agradável durante um e dois anos. A solidão, ao contrário do que J. pensou, não o arquibancou de forma tão avassaladora que não conseguisse continuar os seu dias da forma rotineira como até aí. Afinal, aqueles que lhe eram mais chegados estavam bem, e o sonho tinha-lhe apresentado uma aldeia deserta onde o trabalho era de sol a sol.
Foi com pouca surpresa que no dia em que se deitou `as nove da noite lhe apareceu a faca dando-lhe a notíca já repetida aqui até à náusea. "Vinte e três facadas? Que raio, mas porquê vinte e três? Se for um ferro pontiagudo, também conta? E uma gadanha? Epá! Isto porque me deitei às nove! Se amanhã me deitar às dez serei traslado para outra dimensão, e directamente como protagonista do Twilight Zone?!Ah! AH! Ah!" No dia em que levou um valente coice de um cavalo que insistentemente importunava há algumas horas mandando-lhe pequenas pedras à cabeça, percebeu que apesar do tudo ser muito interessante, inaudito e cientificamente assinalável, o tal dom não lhe dava insensibilidade à dor.
Passaram 177 anos e J. continua a rotina que lhe permitiu ter conhecimentos que o ajudam a viver cada dia satisfeito e contente. Os últimos enxertos que fizera ocupavam-lhe a maior parte dos dias com paciência pelo tempo permitida, por ele próprio aprendida, e sempre com ansiedade se levantava para observar o seu último projecto.
A vida é um lugar comum, mas J. não foi vencido pelo tédio e não utilizou o tempo para conceber um mecanismo que lhe desse vinte e três facadas de uma vez só. " E porque é que nunca mais me apareceu nada no sonho? Porque é que o raio do Freud não me ajuda nisto e não editou nada em 1900 que me desse agora a resposta a esta dúvida que trago comigo desde que a faca me apareceu? A vigésima terceira facada terá alguma coisa que ver com o sonho primordial? E se o primeiro não for mais que um engôdo para esta pesada e inevitável eternidade?"
J. fez estas perguntas e esperou, mais uma vez.
Haviam passado 123 dias quando chegou o primeiro grupo de pessoas atarantadas, andrajosas e sequiosas onde de entre, J. não vislumbrou mas viu o rosto que o sonho lhe apresentara.Era a mulher que se deitava às oito.

9.19.2007

O Benfica é o Maior

Foi a Milão proporcionar aos campeões da Europa campeões do Mundo, uma das grandes exibições de estratégia de ataque e contra-ataque. E apesar de tudo é capaz de vir de lá com um 2-0!

9.18.2007

9.12.2007

Emergentes concernentes e atinentes a coisas pouco coerentes

Quem pensa que por colocar uma palavra com mais de duas sílabas e que 3 milhões de portugueses desconhecem, num texto que se destina a ser lido por outrém, para impressionar, deveria ser obrigado a ler o título deste post até só conseguir balbuciar monossílabos. Forma de expressão que aliás nunca deveriam ter deixado de usar.

9.03.2007

Existência

Andar pelo mundo é custoso e apesar dos subterfúgios que vamos arranjando para nos esquecermos disso, a verdade é que a vida se abate sobre nós com a crueldade do acaso e do caos que nos governa desde que nascemos. Ainda que crentes, não podemos descurar o livre arbítrio que consolida o caos dos acontecimentos que nos possibilitam a fruição de diversas emoções e sentimentos. Não sei se devo falar de fruição quando os sentimentos são os que nos fazem penar, no entanto eles existem e nós sentimo-los. Só quando os mais complexos sentimentos e acontecimentos nos atingem nos apercebemos da nossa fragilidade e imaturidade que julgávamos estar a ser solidamente construída. E são aqueles de que mais nos falam, os que temos mais dificuldade em perceber.

Como lidar com a perda, a ausência, a saudade, a morte? Desde sempre que nos habituamos a saber da sua existência mas sem nos preocuparmos demasiado com isso:"o mundo tem sido bom para nós e de certeza que há uma explicação e uma resolução para todas elas." A morte é, enquanto somos pirralhos uma coisa estranha que ultrapassa as nossas básicas capacidades de compreensão. É quando nos apercebemos da sua irrevogabilidade, que começa a doer a sério. Será com tempo e sabedoria que saberemos lidar com ela. O lidar com ela implica que se saiba aceitá-la e não confrontá-la, nem esquivar-se. Não vale ser forte, mas sim vulnerável. A morte é demasiado avassaladora para ser confrontada à força bruta. Ninguém diria a alguém que fosse confrontar um urso: "Sê forte"! Assim também me parece que não é coisa que se aconselhe a quem deve lidar com a morte de alguém. Quem é forte não tem tempo para sentir a dor. Sentir a dor é fundamental para que ela se vá embora voluntariamente passado algum tempo. Sendo forte, tenta-se impedir que a dor entre com toda a força, mas só se vai conseguir que ela vá entrando insidiosamente durante um largo espaço de tempo, causando mais estragos...

Não há fórmulas, mas a aceitação das emoções/sentimentos costuma ser uma forma eficaz de os controlar mais facilmente. E controlá-los é conviver com as situações que os provocaram, e relembrar progressivamente de forma mais "content" a pessoa que foi a principal geradora de sentimentos a que nos habituámos e que serão irrepetíveis.