2.07.2007

Cultura particular

É notória a facilidade com que a piada fácil e o trocadilho me saem pelos dedos. Assim se passou com o título do post de hoje. Tem-me aparecido o assunto da «""cultura geral""» sem que eu o peça. Pois bem, acho que quem inventou o conceito não sabia ponta de corno sobre o que quer que fosse e decidiu inventariar as coisas sobre as quais sabia 1/4 de ponta de corno. No fim concluiu que até sabia umas coisas. Embora essas coisas fossem 1/4 de ponta de corno, o limitado inventor do conceito "««cultura geral»»" percebeu que poderia fingir que era extremamente sábio, pois entre outras coisas, só ele sabia quantos milímetros cresciam as suas unhas dos pés num dia.

Claro que animado de tão bela e confortável descoberta o inventor decidiu aumentar o número de um quarto de pontas de corno de conhecimento, continuando a conhecer o mundo à sua volta. "Conhecer o mundo à sua volta é bom!" dirão certos incautos. Claro que é bom, mas depende do objectivo. Eu neste momento estou a ouvir o John Holt porque gosto da música do homem e de reggae ( Change your style/Hooligan), mas podia muito bem ser um burro (perdoai o pleonasmo) nazi a estudar a cultura do inimigo. (percebi agora que o pleonasmo que refiro pode ser entendido como endereçado ao nazi que vem a seguir a burro. Também está bem sim senhor, mas refiro-me exactamente à parte anterior da frase. Obrigado)
Portanto, o inventor conhece o mundo à sua volta com o objectivo mais triste que há, que é o de se engrandecer e de perceber como é enorme a quantidade de coisas que a sua mente abarca. Será ele capaz de abarcamento sem interesse de engrandecimento? Terá a capacidade abarcacional, ou se quiserem abarcacionante, da sua mente um limite? Não às três. Infelizmente só repudiando o conceito que ele próprio inventou, poderá conhecer as coisas na sua forma simples e reconhecer a sua limitada humanidade. Felizmente não há limite de abarcacionamento mental, o que dá sempre esperança ao ser humano. Esperança de conhecer mais, concluir que nunca conseguirá reunir todos os quartos de ponta de corno, e que é muito mais fácil demonstrar que se tem na algibeira um quarto de ponta de corno (ainda escrevo isto mais uma vez!) a quem nunca sequer viu um bovino, caprino, alce, ovino, búfalo, aquele galo francês com cornos, ou o diabo, do que deixar andar e mal o Outono venha, ir com os cornos à lenha.

Sem comentários: