12.11.2005

Tiros no escuro

Sempre fui adepto condicional do "tiro no escuro". Mediante uma certa atmosfera, um certo sentimento de confiança, algum dinheiro no bolso e lá ia um tiro no escuro. Isto normalmente traduzia-se na compra de um CD de uma banda desconhecida. O "meio tiro no escuro" acontecia quando já se tinha lido nas revistas da especialidade boas críticas, mas nunca se havia escutado nada do seu som. Na carbono foram vários os tiros. Lembro-me de um "tiro no escuro induzido" em que ouvi alguém falar bem dos Spudmonsters. Comprei o CD e aí está o exemplo de "tiro no escuro em seco". Ainda hoje aguardo por um almagrado que me queira comprar aquilo. Lembro-me também do belo tiro no escuro (em cheio) que foram o "Goo" e especialmente o "Daydream Nation" dos Sonic Youth. Na Virgin, vindo da terra quase propositadamente para arranjar som. Sonic Youth soava bem, e agora que me lembro já tinha ouvido o "Dirty"algures... Não interessa. O que interessa é que no outro dia reeditei um tiro no escuro para o cinema, e dicidi alugar para ver com a minha senhorita, o alone in the dark. Foi o pior tiro no escuro que já dei e ainda estou a arranjar designação certeira para ele. "Tiro no escuro em seco" não chega. Só agora é que sei que até havia um jogo em que o filme é baseado, informação que em si me teria mantido à distância devido ao descalabro do Street Fighter ( o gajo que fez aquilo devia dançar no cadafalso). O filme é ruim e mau. O pior que já quase vi, porque não o consegui ver todo. Eu, que até sou um bocado compulsivo nisso. Quando li as verdes colinas de África obriguei-me a ler até ao fim, enfastiado de Whisky com soda. Mas li. É criminoso fazer esta comparação, mas o cérebro é assim e o Super-ego nem sempre está tão atento quanto devia. Nem sei se o Super ego está alerta para barbaridades culturais. Nem sei sequer se o Id tem algum interesse em que isso não aconteça. É interessante a forma como o meu Ego está a lidar com isto e já estou aqui num processo inacreditável de racionalização.
O alone in the dark é o pior que já vi.

Tortura & CIA (não resisti a este velho e fácil trocadilho)

Não vou definir tortura (que modesto. Como se eu o conseguisse), nem entrar em ambiguidades civilizacionais ou de conceitos. Acho até que a tortura não deveria existir sequer como conceito, cabendo-lhe um lugar entre o onírico e o etéreo apenas para lembrar o homem da bela merda que representava este conceito quando existia até (imagine-se que bárbaros eram) literal e fisicamente, sendo aplicada por certos homens em outros. Uma civilização imperfeita, evoluída e ciente da liberdade do indivíduo não pode tolerar um meio como a tortura para obter informações. A tortura é um método demasiado fácil e perfeito. Se não se consegue a informação, ao menos humilha-se e faz-se sofrer o putativo inimigo. Além disso a CIA tortura desgraçados Islâmicos que já têm que viver sem pasta de dentes que deixam o hálito refrescado, água canalizada e quentinha, sabonete (líquido) e outras coisas mais. "Não, alguns até moram mesmo na Europa e nos EUA há algum tempo!" Ainda pior, pois vivem sob a tortura e o dilema de quererem destruir aquilo que eles próprios desejariam para os seus países. Há muitas formas de obter informações, e só posso deplorar a CIA e os EUA por optarem pelo caminho fácil. Eu bem sei que esta afirmação pode causar um impacto inesperado em vários organismos da administração americana e da NATO, para não falar do Chirac que deve já andar à procura do meu número para me congratular, mas adiante que esse também deve andar com vontade de ressuscitar o Robespierre.
No dia em que os todos os habitantes dos países terroristas se puderem preocupar com a marca do sabonete que vão comprar, em vez da quantidade de comida que pode não chegar para toda a família, a paz chegará. É preciso afastar os que obnubilam os cidadãos e os forçam a ideologias que no íntimo os contrariam. E esses bárbaros que forçam a população a viver na miséria é que usam a tortura.

Pérolas literárias não editadas V

..." a minha filha entrou em casa a chorar porque tinha tido um dezoito e eu disse-lhe: Oh filha, tu choras por notas com que eu nunca me ri!"

Autoria: Laborinho Lúcio (tem direito a nome porque é célebre e não é meu amigo. Também é Ministro da República dos Açores)

Pérolas literárias não editadas IV

- Tiago! (em tom de cumprimento)
- Uma guitarra! (idem)

Autoria: Desconhecido e TD

Insularidade

É a culpada de isto andar ainda mais parado. Hoje vou tentar aproveitar os 40 minutos a que tenho direito, ao máximo.